Sem novas contratações e com concursos em andamento que não vão repor perdas de imediato, Polícia Civil paulista contabiliza 17 mil profissionais a menos trabalhando no estado
O déficit de
policiais civis bateu novo recorde no estado de São Paulo e chegou a 40%. Com
41.912 cargos, a Polícia Civil tem 24.894 ocupados. São 17.018 profissionais a
menos trabalhando no combate ao crime e no atendimento à população nas
Delegacias. Os números são do Defasômetro, ferramenta que o Sindicato dos
Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) utiliza para
contabilizar, mês a mês, as perdas da instituição por mortes, exonerações e
aposentadorias.
“Trata-se de um
déficit altíssimo. São 40%, que afeta duramente qualquer empresa, e com a
Polícia Civil não é diferente. Esta porcentagem impacta diretamente no
andamento de inquéritos, em investigações de todo tipo de crime e no
atendimento ao cidadão nas Delegacias. O número também gera sobrecarga e
estresse nos agentes que estão em atividade, incansavelmente, para salvaguardar
a segurança da população paulista”, analisa a delegada Jacqueline Valadares,
presidente do Sindpesp.
Do total de cargos
vagos, percentualmente, o maior déficit é de escrivães, 45% - são 4.024 a
menos, quando deveriam estar na ativa 8.912. Faltam, ainda, 4.260
investigadores, de um total de 11.957 vagas (35,6%); além de 1.005 delegados,
de 3.463 cargos previstos (29%), entre outras funções.
O concurso público
que teve início em 2022 está em fase final com 250 vagas abertas para
delegados. Um outro certame, lançado em outubro de 2023, prevê o preenchimento
de 552 cargos na Polícia Civil, o que aumentaria o quadro em 802 novos
contratados. Contudo, estes números ainda seriam insuficientes para reduzir o
déficit de 17 mil profissionais em curto prazo, em razão, inclusive, da demora
inerente dos processos seletivos.
Como solução
imediata, o Sindpesp sugere a contratação de todos os que passaram no concurso
de 2022, inclusive os da lista de espera, ou seja, os 382 aprovados, entre as
250 vagas previstas e as 132 excedentes:
“Além disso, é
necessário trazer celeridade ao certame em andamento e efetivar a contratação
de todos os futuros profissionais aprovados. Com isso, teríamos 934 novos
delegados, ainda um número inferior ao déficit atual de 1.005, que atingimos em
outubro de 2023, mas já seria um alento”, considera Jacqueline.
Baixos
salários
A presidente do
Sindpesp acredita que outro motivador para as perdas de profissionais seja o
baixo salário pago em São Paulo para a Polícia Civil em comparação com outros
estados que remuneram melhor:
“Não são poucos os
policiais civis paulistas, incluindo delegados, que acabam prestando concurso
em outros estados que pagam melhor. Para se ter uma ideia, pelo menos 134 dos
aprovados no certame de 2022 também passaram em processos seletivos em estados que
pagam mais. Dificilmente, esses candidatos vão preferir trabalhar em São
Paulo”, reforça Jacqueline.
Enquanto o
delegado paulista tem salário inicial bruto de R$ 15.037, no Mato Grosso, o
valor oferecido é R$ 25.407. No Paraná, o vencimento é R$ 21.087, e no Rio de
Janeiro, R$ 20.590.
Diante dessa
disparidade, a presidente do Sindpesp lembra que, além de contratações, é
urgente a valorização real no holerite:
“É preciso
investir nos policiais civis de forma adequada, justa e condizente com as
responsabilidades e os riscos da profissão. E, também, proporcionar melhores
condições de trabalho”, conclui Jacqueline.