HOMENAGEM
Nesta quinta-feira (16) é celebrado em todo o Brasil, o Dia do Geriatra, médico que utiliza uma ampla abordagem para avaliação clínica de diversas doenças, entre elas às relacionadas à idade.
Esta data marca a Fundação da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), braço de Geriatria e Gerontologia da Associação Médica Brasileira (AMB), e responsável por certificar e titular os especialistas na área, que ocorreu no dia 16 de maio de 1961, devido a esse acontecimento, nessa data comemora-se o Dia do Geriatra.
No Brasil, onde existem cerca de 30 milhões de idosos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os especialistas em envelhecimento são cada dia mais importantes no atendimento à população.
O geriatra é o especialista no envelhecimento humano e está capacitado para atender desde o idoso mais independente e com plena capacidade física e cognitiva até pacientes acamados ou que precisem de cuidados paliativos.
Para falar sobre essa data tão importante, a reportagem do Tribuna Ourinhense entrevistou o médico geriatra, Dr. Gilberto Severino que nos contou sua experiência profissional como geriatra e a importância desta especialidade para a população idosa, que cresce a cada dia, não apenas em nossa cidade, mas em todo o Brasil e no Mundo.
“Eu estou nesta área como médico geriatra há 30 anos, e atendo atualmente no Lar Santa Teresa Jounert, em meu consultório particular e em Marques dos Reis, além de realizar visitas em domicílio a idosos. A geriatria é uma área da Medicina que se dedica ao estudo dos dois tipos de envelhecimento existentes: a senescência, que é o envelhecimento normal e a senilidade que é o envelhecimento com algum tipo de doença. A função do geriatra é dar qualidade de vida ao idoso. Um dos grandes problemas enfrentados pelos idosos atualmente é a demência, como o Alzheimer, Parkinson e vasculares, entre outros, em que o idoso vai perdendo o déficit cognitivo e a memória, alterando o comportamento, com episódios de delírios e alucinações. Com a idade, é natural que o nosso organismo vai diminuindo as funções, seja o coração, pulmão, visão, audição e paladar. Mas é importante frisar que o geriatra não trabalha sozinho, mas com uma equipe multiprofissional, que são os gerontólogos, enfermeiros, psicólogos, psiquiatras, nutricionistas e fisioterapeutas, entre outros. Eu sempre digo que o melhor tratamento para o idoso não é o remédio, mas sim o amor, carinho, a paciência e a compreensão. Eu fico muito triste em ver tantos casos de maus tratos aos nossos idosos, isso não pode existir, pois, é graças aos idosos, que estamos aqui hoje. Quero esclarecer também que a idade não significa ser idoso, nem envelhecimento, mas sim, a perda da funcionalidade em suas atividades cotidianas. O que faz o idoso ter uma melhor qualidade de vida, é o seu estilo de vida, ou seja, não bebe, não fuma, não é sedentário, controla a pressão, a diabetes, e isso tudo, fará com que viva mais e melhor. Em 2030, é previsto que teremos mais de 50 milhões de idosos e com mais qualidade de vida, o que é muito importante. Hoje, com o crescimento da população idosa, a grande maioria dos pacientes que procuram os médicos nas diferentes especialidades, é composta por idosos”, ressaltou.
SBGG completa 63 anos
Nesta data também completa 63 anos, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Fundada em 1961 e filiada à Associação Médica Brasileira (AMB), a Sociedade é responsável por certificar e titular os especialistas em geriatria e gerontologia.
No entanto, o número de médicos especialistas ainda fica aquém do necessário para atender aos idosos. Segundo dados da Universidade de São Paulo (USP), do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo CREMESP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), há 1.817 geriatras registrados, a maior parte (60%) na região sudeste.
Há um geriatra para cada 16.511 idosos, índice muito abaixo do preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de um especialista para cada mil idosos. A tendência é que esta lacuna cresça nos próximos anos.
Atuação multidisciplinar
Para melhor atender a população, os geriatras atuam com uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais especialistas em gerontologia (enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, assistentes sociais, educadores físicos, advogados, engenheiros, arquitetos, entre outros), que contribuem decisivamente na definição do melhor tratamento.
A SBGG traz essa prática interdisciplinar. A gerontologia trabalha de forma integrada com as diversas áreas, abordando as questões psicológicas, biológicas, sociais, de saúde e das políticas públicas do envelhecimento.
Serviço público de saúde
Hoje no Brasil 75% dos idosos usam apenas os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros, primeira pesquisa a traçar um perfil das pessoas com 65 anos e do acesso à rede de saúde no país. Isso demanda pensar nos desafios de modo a aprimorar as políticas direcionadas a essa população.
Segundo a SBGG, em toda a atenção saúde pública e também privada é importante que o profissional tenha uma formação em geriatria e gerontologia para que possa atuar. O Estatuto do Idoso traz essa exigência e a SBGG reforça essa necessidade, incentivando a titulação e referendando os cursos na área.