Secretária executiva da diretoria da entidade em Bauru (SP), Claudia Regina da Rocha Lobo, foi vista pela última vez no dia 6 de agosto. Presidente da entidade foi preso em 15 de agosto suspeito de envolvimento no caso.
Câmeras registraram veículo que funcionária da Apae dirigia circulando próximo ao local onde foi encontrado — Foto: Polícia Civil/Divulgação
As investigações da Polícia Civil que levaram à prisão do presidente da Apae de Bauru (SP), Roberto Franceschetti Filho, de 36 anos, apontaram que ele esteve com a secretária executiva da diretoria da entidade, Cláudia Regina da Costa Lobo, no último dia em que ela foi vista, na tarde de 6 de agosto.
Segundo o boletim de ocorrência que relata a prisão de Roberto, ao qual o portal teve acesso, oficiais da 3ª Delegacia de Homicídios de Bauru analisaram imagens de câmeras de segurança que mostram a vítima no volante do veículo que dirigia quando foi vista pela última vez.
A descrição das imagens indica que o presidente da Apae saiu do banco de passageiros do veículo e assumiu o volante, enquanto Cláudia foi para o banco traseiro.
O documento também menciona que o histórico de chamadas do celular de Roberto mostra movimentações na rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva (SP), e no local onde o veículo foi encontrado, no dia seguinte ao desaparecimento.
O registro da prisão ainda informa que Roberto foi detido na delegacia de Bauru após ser chamado para recolher alguns pertences de Cláudia. Na ocasião, ele foi questionado sobre sua presença com a secretária-executiva na tarde em que ela desapareceu.
Imagens de uma câmera de segurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram também o veículo que a funcionária da Apae dirigia circulando próximo ao local onde ele foi encontrado, no dia seguinte.
Depoimento
O presidente da Apae prestou depoimento formalmente à polícia na manhã de segunda-feira (19), na delegacia da Divisão Especializada de Investigações Criminais de Bauru. Roberto estava acompanhado de seus advogados e foi ouvido durante cerca de uma hora e meia.
Em entrevista à imprensa, o advogado dele, Leandro Pistelle, disse que a defesa só teve acesso ao inquérito policial no fim da manhã de segunda-feira e que, durante todo o depoimento, Roberto se disse inocente e respondeu a todos os questionamentos.
A defesa reforçou que mais detalhes não podem ser divulgados pois o processo corre em segredo de Justiça. Após o depoimento, Roberto retornou à delegacia de Pirajuí (SP), onde cumpre prisão temporária.
Presidente da Apae presta depoimento à polícia e diz não ter envolvimento no desaparecimento de funcionária — Foto: Gabriel Pelosi/TV TEM
Prisão
Um sinal de celular confirmou que Roberto esteve no local onde o carro de Claudia, que pertence à entidade, foi encontrado.
O suspeito foi preso na quinta-feira (15), na delegacia, após ser chamado pela polícia para recuperar alguns pertences da vítima. Em sua casa, uma pistola calibre 380 também foi apreendida. A arma tem o mesmo calibre de um estojo que foi encontrado no veículo que Cláudia dirigia antes de desaparecer.
Na sexta-feira (16), ele teve a prisão temporária de 30 dias decretada após audiência de custódia e foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pirajuí.
De acordo com a Polícia Civil, vestígios encontrados no veículo durante a perícia realizada no dia 7 de agosto, quando ele foi localizado, foram identificados como marcas de sangue. Uma das principais linhas de investigação é de que se trata de um homicídio.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Cledson Nascimento, foram feitas diligências em uma área de descarte de material da Apae, no bairro Pousada da Esperança, porém, nada foi encontrado.
Presidente da Apae é preso suspeito de envolvimento no desaparecimento de funcionária — Foto: Reprodução/Facebook
Amigos próximos
A filha de Claudia, Letícia da Rocha Lobo, contou, em entrevista à TV TEM, que sua mãe e o presidente da instituição são amigos próximos e colegas de trabalho há mais de 10 anos e que, inclusive, manteve contato com o presidente diariamente desde o dia em que viu sua mãe pela última vez.
"Foi e ainda está sendo muito chocante por sermos próximos e termos essa amizade. Eu falei com ele todos esses dias. Ele foi uma das primeiras pessoas para quem eu liguei, porque eu sabia que eles tinham essa relação muito próxima no trabalho, e ele falou que não esteve com minha mãe fora da Apae", lembra a filha.
Filha de funcionária da Apae desaparecida diz que presidente suspeito era amigo da família
A Apae informou que se surpreendeu com a notícia do envolvimento de Roberto no desaparecimento de Claudia e que o fato não tem relação com os serviços prestados pela entidade. A Feira da Bondade, considerada uma das principais maneiras da instituição arrecadar fundos, foi adiada.
Além disso, foi confirmado que Roberto não faz mais parte do corpo diretivo e que Maria Amélia Moura Pini Ferro está na presidência da instituição. A entidade também informou que os atendimentos continuam normalmente em suas unidades.
Presidente da Apae é preso suspeito de envolvimento no desaparecimento de funcionária em Bauru (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Desaparecimento
Imagens de câmeras de segurança da rua onde fica o prédio administrativo da Apae, na Rua Rodrigo Romeiro, registraram o momento em que Claudia caminha até o carro, que está estacionado na rua e pertence à entidade, com um envelope na mão.
Em entrevista ao portal, Letícia disse que não notou nada de diferente na mãe nos últimos dias. "Ela disse para a recepcionista que iria resolver umas coisas da Apae e voltava mais tarde, e até agora nada", contou.
Família divulgou o desaparecimento da moradora de Bauru nas redes sociais — Foto: Arquivo pessoal
Fonte: G1