SETEMBRO AMARELO
Neste mês é realizada a campanha ‘Setembro Amarelo” composta por ações de conscientização e prevenção ao suicídio.
Neste ano, o lema da iniciativa para combater o olhar negativo em relação ao outro é “Se precisar, peça ajuda!”.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontaram que, em 2019, a principal causa de morte no mundo foi o suicídio, representando uma a cada 100 mortes. É um dado preocupante, pois são números que superam a morte por homicídios ou por doenças, como o câncer de mama.
Quais são os índices de suicídio no Brasil?
Para entender o problema do suicídio no país, o melhor caminho é analisar os números sobre esse tipo de morte. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2023, houve 16.262 registros de suicídio no Brasil no ano de 2022.
Dessa forma, tivemos 8 suicídios por 100 mil habitantes, uma elevação de 11,8% em relação a 2021, que registrou 7,2 homicídios por 100 mil habitantes. A grande preocupação é que os índices de suicídio seguem uma tendência de crescimento desde 2010.
Números da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, indicaram uma elevação de 43% no país de 2010 a 2019, passando de 9.454 casos de suicídio para 13.523. A pesquisa mostrou que todas as regiões do Brasil tiveram aumento das taxas, porém o crescimento foi maior no Sul e no Centro-Oeste.
Situação do Brasil no mundo
Segundo a OMS, o Brasil ocupa o 8º lugar entre os países com os maiores índices de suicídio. Saiba ainda que o aumento de casos é uma situação observada mais especificamente nas Américas.
Isso porque as taxas por esse tipo de morte, de acordo com a OMS, tiveram uma redução global de 36% entre 2000 e 2019. Na região do Mediterrâneo Oriental, a diminuição nesse índice foi de 17%, na Europa foi de 47% e no Pacífico Ocidental foi de 49%. Por outro lado, nas Américas houve aumento de 17% de casos no período.
Há mais registros de suicídios entre homens ou mulheres?
O suicídio é um fenômeno que pode atingir qualquer pessoa, independentemente do gênero, afinal, é um problema que pode ter causas variadas, desde as psicológicas e biológicas até questões sociais, econômicas, políticas e culturais.
Contudo, os índices são maiores entre o sexo masculino, como aponta um estudo descritivo do Ministério da Saúde entre os anos de 2010 a 2019. Entre os homens, a taxa de morte por suicídio em 2019 foi de 10,7 por 100 mil, enquanto entre as mulheres o número foi de 2,9.
Ao observar o aumento das mortes por suicídio de acordo com o sexo, o estudo mostrou um aumento das taxas para ambos. Mas, comparando os anos de 2009 e 2018, houve uma elevação de 45,7% nos índices de suicídio entre mulheres, e de 33% entre homens.
Um estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) apontou os determinantes sociais de mortes por suicídio, entre 2000 e 2019, de acordo com cada gênero: entre os homens, as mortes por suicídio estão associadas ao uso de álcool, outras substâncias e ao homicídio. Já, entre as mulheres, o risco foi associado à desigualdade educacional. E, para ambos os sexos, o desemprego também mostra relação com as taxas de suicídio.
No Brasil, o aumento da incidência de suicídio nos últimos anos apresenta relação com a pandemia da Covid-19, período marcado pelo medo, sofrimento e também pelas mudanças na economia, especialmente com o desemprego, que afetou muitas famílias.
Qual a faixa etária em que o índice de suicídio é maior?
É importante observar também qual a faixa etária na qual a taxa de suicídio é maior. O estudo do Ministério da Saúde apontou que os adolescentes foram os que mais morreram por suicídio no país, passando de 606 mortes em 2010 para 1.022 em 2019, uma elevação de 81% no período.
Em 2019, as regiões Norte, Sul e Centro-Oeste foram as que registram mais mortes por suicídio entre os adolescentes.
Suicídio em idosos
É importante mostrar que o suicídio é um problema que também afeta os idosos, como mostra a pesquisa “Suicídio em idosos: um estudo epidemiológico”, da Escola de Enfermagem (EE) da Universidade de São Paulo (USP).
O estudo apontou que, de 2012 a 2016, nessa faixa etária, a média de casos de suicídio foi de 7,8 a cada 100 mil pessoas, 47% mais que os 5,3/100 mil entre a população geral. Mostrou ainda que os idosos usam meios mais letais e os casos de suicídio acontecem dentro de casa.
Entre os idosos, as taxas de suicídio foram maiores entre os homens no período analisado da pesquisa. A taxa de suicídio entre eles foi de 14,8/100 mil, um aumento de 2,8% entre 2012 e 2016. Já entre as mulheres idosas, o índice no período foi de 2,6/100 mil, com diminuição de 10,3% no período.
Qual a porcentagem referente a pessoas que sofrem de algum transtorno mental?
Temos que acrescentar ainda a questão da relação dos casos de suicídio com transtornos mentais. A Associação Brasileira de Psiquiatria tem uma estimativa de que 96,8% dos casos têm essa relação, sendo que a depressão é a doença número um quando se trata da ligação com as mortes por suicídio.
Mas ela não é a única, pois os especialistas veem também a ligação com transtornos de humor, como o transtorno bipolar. Existe ainda relação com transtornos psicóticos, de ansiedade e de personalidade.
É de extrema importância conhecer os índices de suicídio no Brasil e do mundo, saber quais são os grupos mais atingidos e até mesmo a relação dos casos com transtornos mentais. Dessa forma, a sociedade pode ter um olhar mais sensível para a situação e oferecer apoio e amparo para pessoas com maior risco de tirar a própria vida.
Origem e importância do Setembro Amarelo
Em setembro de 1994, nos Estados Unidos, o jovem de 17 anos Mike Emme cometeu suicídio. Ele tinha um Mustang 68 amarelo e, no dia do seu velório, seus pais e amigos decidiram distribuir cartões amarrados em fitas amarelas com frases de apoio para pessoas que pudessem estar enfrentando problemas emocionais.
A ideia acabou desencadeando um movimento de prevenção ao suicídio e em 2003, a Organização Mundial da Saúde(OMS) instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. O amarelo do Mustang de Mike é a cor escolhida para representar essa campanha.
CVV e a prevenção ao suicídio
Formado exclusivamente por voluntários, o CVV (Centro Valorização da Vida) oferece apoio emocional e prevenção do suicídio gratuitamente. Quem os procura, normalmente está se sentindo solitário ou precisa conversar de forma sigilosa, sem julgamentos, críticas ou comparações. O CVV atua nacionalmente. O atendimento é realizado pelo telefone 188 (24 horas por dia e sem custo de ligação), chat, e-mail e pessoalmente em alguns endereços. O CVV é uma entidade nacional fundada em 1962, financeira e ideologicamente independente. Sem viés religioso, político-partidário ou empresarial.