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Em mais uma matéria especial sobre pessoas que se destacam em Ourinhos, nos mais diversos segmentos sociais, nesta semana, a reportagem do Tribuna Ourinhense entrevistou um personagem especial e já conhecido da maioria dos ourinhenses que circulam pelas ruas da nossa cidade.
Aos 38 anos, o ourinhense Ubirajara Caetano Zamboto, mais conhecido como Bira 'Cadê as Pernas’, vem se tornando uma referência de persistência e superação. Cadeirante há 5 anos, desde que sofreu um acidente de moto em que teve que amputar as duas pernas, ele decidiu mudar sua vida radicalmente e adaptá-la a sua nova realidade.
Há 3 anos passou a praticar o WCMX (Wheellchair Moto Cross), um esporte radical em cadeiras de rodas que é praticado ao longo das pistas de skate com obstáculos. A prática deste esporte permitiu que Bira ganhasse grande mobilidade e hoje ele vai onde quer, sem depender de qualquer tipo de locomoção que faça ele depender de outras pessoas.
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Bira ao lado do ‘menino do drone’ durante gravação de vídeo na Praça dos Skatistas |
Em entrevista ao Tribuna Ourinhense, Bira nos contou um pouco de sua vida após o acidente, o que a prática deste esporte lhe proporcionou e deixou uma dica para que as pessoas como ele, que também se tornaram cadeirantes, possam superar as suas limitações e se adaptem a uma nova vida. “Após meu acidente, inicialmente amputei apenas uma perna e comecei a praticar Montain Bike, mas depois, devido ao fato de ter diabetes, acabei tendo que amputar a outra perna e então fui procurar um outro esporte que eu pudesse fazer e aí comecei a fazer o WCMX que na verdade, mais que um esporte é um estilo de vida, pois é um esporte que me traz autonomia no meu dia a dia, me dando uma condição de vida melhor, para poder passar pelas barreiras, os lugares sem acessibilidade. Passei a ter nova motivação, transformou minha vida, passei a ter qualidade de vida, eu rompi barreiras, hoje eu vou para Salto Grande em estrada de terra, com a cadeira de rodas, sem depender de ninguém. Vou até o pedágio de Jacarezinho no rio. Eu ainda enfrento preconceito por parte das pessoas que acham que sou um louco e não um praticante de um esporte, essa é a última barreira que tenho que enfrentar, mas aos poucos estamos mudando isso. Com a repercussão dos meus vídeos feitos em parceria com o ‘menino do drone’ que divulga vídeos meus praticando o WCMX pelas ruas da cidade, têm ajudado muito, tenho hoje mais de 5 mil seguidores em minhas redes sociais, por conta destes vídeos e muitas pessoas deficientes comentam, me incentivando, o que é muito gratificante. Na verdade eu nem esperava essa repercussão toda, o que eu queria era espalhar isso para que tenhamos mais cadeirantes competidores para quem sabe possamos ter um campeonato nacional desta modalidade e evoluir os equipamentos que são limitados. O que eu digo para as pessoas que hoje também se tornaram cadeirantes, é para que não tenham pressa, tudo tem um tempo, no começo é pesado pra todo mundo, é difícil você se adaptar a uma nova vida, mas é só não ter pressa, não desistir, a vida é difícil para todos, com ou sem pernas, por isso temos que cada um de nós lutar para superar nosso obstáculos”, afirmou.