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Belo-horizontina ilustrou obra de Han Kang, vencedora do Prêmio Nobel

Filha de pai coreano e mãe brasileira, Ing Lee fala sobre a relação com os livros da escritora, assim como a estudante Tatiane Machado

A belo-horizontina Ing Lee ilustrou fanzine da obra “Atos Humanos”, de Han Kang, a pedido da editora Todavia/Foto: Ing Lee/Reprodução



“Visceral” é a palavra escolhida tanto pela estudante de Letras, Tatiane Machado, 27, quanto pela ilustradora Ing Lee, 29, para descrever o romance “A Vegetariana”, de Han Kang, que, nesta quinta (10), se tornou a primeira escritora sul-coreana a vencer o cobiçado prêmio Nobel de Literatura.

O livro foi um dos primeiros da autora lançados no Brasil que chegou às mãos da belo-horizontina Ing Lee, filha de pai coreano e mãe brasileira. “Fiquei muito impactada com a maneira surreal, e, ao mesmo tempo, crua, desafiando concepções de gênero”, analisa a artista, que, a partir do romance “Atos Humanos”, obra de Han Kang lançada no país em 2014, passou a ser parte da história. 

Ela já havia lido a edição em inglês quando a editora Todavia a convidou para ilustrar a fanzine utilizada como brinde e distribuída às livrarias na época. “Atos Humanos” oferece um retrato “visceral e impactante, como uma história desse período deve ser” do Massacre de Gwangju, evento ocorrido durante a ditadura militar sul-coreana na cidade natal de Han Kang, em 1980, e que vitimou cerca de 2.300 pessoas.



“Kang é uma autora brilhante”, enfatiza Ing Lee, que celebra o Nobel não apenas como um reconhecimento da “potência de sua trajetória, mas de todo o povo coreano”. “Devo dizer que é muito gratificante perceber que a maioria das obras sul-coreanas que chegam ao Brasil são de autoria feminina, pois, além de ressignificar relações étnico-raciais, com autores que fogem da centralidade euro-estadunidense, também representa a força feminina. Muitas dessas obras carregam ácidas críticas sociais”, diz.

Atualmente dedicada a estudar a imigração coreana no Brasil e a arte tradicional popular do país oriental, Ing Lee foi a responsável pela arte da capa de “Amêndoas”, bestseller da Rocco que se destacou na Bienal de São Paulo. “Acredito que o Brasil está se abrindo cada vez mais à literatura coreana. Acho isso bastante positivo e espero que colabore, futuramente, para viabilizar ainda mais autores da diáspora leste-asiática”, conclama Ing, que, há alguns anos, apostou suas fichas na literatura coreana e observou o seu crescimento no mercado editorial, impulsionado pela chamada “Onda Coreana”, que já havia ganhado território na música e nos streamings.



Pandemia
Tatiane Machado descobriu “A Vegetariana” em 2020, por meio de um Instagram literário que ela criou em meio à pandemia de Covid-19 que assolou o planeta, “como uma forma de entrar em contato virtual com conteúdos literários e leitores que consumissem literaturas insólitas e de horror”, uma de suas linhas de pesquisa no mestrado em Literaturas de Língua Portuguesa que ela realiza na PUC Minas.

“Naquele momento, o livro de Han Kang estava sendo indicado por diversos usuários da rede como, para além de uma obra sul-coreana de autoria feminina, um romance visceral, estranho e onírico com um quê de monstruoso, elementos pelos quais tenho bastante apreço”, explica Tatiane. Outro fator a aguçá-la foi o título da obra.



Na ocasião, ela lia “A Política Sexual da Carne: Uma Teoria Crítica Feminista-Vegetariana”, da escritora norte-americana Carol J. Adams. “Pensei que o teor vegetariano da obra poderia se relacionar ao diálogo que Adams realiza sobre a prática de comer carne e a dominância masculina”, destaca. Ao adentrar às páginas de “A Vegetariana”, Tatiane se viu imersa em um universo de tensões constantes.

“É um daqueles livros que lemos segurando a respiração, e mesmo após terminar a leitura e soltar o ar, o desconforto continua. Lembro de considerar essa leitura a mais impactante que fiz em 2020, justamente por ser um livro marcado por tensões, estranhamentos e ambiguidades relacionadas à condição feminina, à tradição cultural e à  natureza e psique humana, tocando em temas fundamentais como a saúde mental feminina, a opressão de gênero e a violência simbólica e física”, assegura a mestranda.

Universal
Tatiane sustenta que, “apesar de a obra de Kang nos apresentar vozes distintas, por ser dividida em três partes narradas por personagens diferentes”, o que mais lhe despertou fascínio e estranhamento “foi a construção insólita da personagem Yeonghye, uma mulher que, ao ser assaltada por sonhos horríficos, permeados por carne crua e sangue, decide iniciar uma dieta vegetariana, e assim embarca em um labirinto de reflexões, opressões e metamorfoses  assustadoras, e, por isso mesmo, essencialmente humanas e universais”, arremata Tatiane. 



Fonte: O TEMPO

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