CRIME
Roberto Franceschetti Filho é acusado de homicídio e ocultação de cadáver. Além dele, o ex-funcionário da Apae, Dilomar Batista, também virou réu pelos crimes de ocultação de cadáver e fraude processual.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) tornou réu o ex-presidente da Apae, Roberto Franceschetti Filho, principal suspeito do assassinato da ex-funcionária da entidade, Cláudia Regina Lobo. Além de Roberto, o ex-funcionário, Dilomar Batista, também virou réu no caso.
A pedido do Ministério Público, a Justiça determinou que Roberto Franceschetti Filho responda pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Dilomar, que trabalhava no almoxarifado da Apae, é acusado de ocultação de cadáver e fraude processual.
O inquérito foi finalizado no dia 10 de outubro e encaminhado ao Ministério Público. No dia 11 de outubro, a Justiça decretou a prisão preventiva de Roberto. Ele permanece preso. Dilomar responde aos crimes em liberdade.
O que dizem os réus
Em nota, a defesa de Roberto Francescheti Filho disse que recebe com naturalidade a denúncia da Justiça, uma vez que se trata de ato formal referente ao início da ação penal, mas afirmou que, no momento oportuno, a defesa técnica de Roberto será apresentada. Declarou ainda que todas as medidas legais estão sendo tomadas para que Roberto possa responder ao processo em liberdade, e ressaltou que, no decorrer do processo, a inocência de Roberto será demonstrada.
Até esta publicação, a reportagem não conseguiu contato com a defesa de Dilomar Batista.
Relembre o caso
Cláudia Regina da Rocha Lobo, de 55 anos, vista pela última vez no dia 6 de agosto. A investigação da Polícia Civil confirmou que ela foi morta na mesma data de seu desaparecimento.
Imagens de câmeras de segurança da rua onde fica o prédio administrativo da Apae, na Rua Rodrigo Romeiro, registraram o momento em que Claudia caminha até o carro, que está estacionado na rua e pertence à entidade, com um envelope na mão (assista acima).
Roberto foi preso no dia 15 de agosto como principal suspeito do envolvimento no desaparecimento e possível assassinato de Cláudia.
Em 16 de setembro, um laudo de confronto genético realizado com material coletado no carro confirmou que o sangue encontrado pela perícia pertencia a Cláudia.
Durante as investigações, fragmentos de ossos foram encontrados em uma propriedade rural em Bauru. Este material segue em análise no Núcleo de Biologia e Bioquímica da Polícia Científica em São Paulo (SP).
Rumo das investigações
Antes de ser investigado como principal suspeito do crime, Roberto tentou guiar as investigações para um possível familiar de Cláudia que foi preso por tráfico, afirmando que a secretária estava arcando com dívidas do parente.
Ao mesmo tempo, a coordenadora financeira da Apae confirmou que Roberto liberava "adiantamentos" que eram lançados como pagamentos para fornecedores diretamente para Cláudia.
O computador da vítima foi periciado e, nele, foram encontradas planilhas de contabilidade pessoal de Cláudia, com indicações de inconsistências financeiras, inclusive com valores em aberto em relação a Roberto.
"Diante disso, em diligências visando à coleta de material genético da desaparecida, apreendemos também o seu notebook, além da quantia de R$ 10 mil em espécie que havia sido deixada por Cláudia na casa da filha", consta no documento que relata a cronologia das investigações.
A investigação concluiu ainda que havia uma disputa de poder entre o ex-presidente da Apae e a secretária executiva. Segundo o delegado, Roberto seria, na verdade, subordinado a Cláudia. Supostamente, ela teria colocado o suspeito na presidência da entidade e, depois, ele quis se desvencilhar dela.
Polícia confirma assassinato
No dia 26 de agosto, a Polícia Civil confirmou que Cláudia foi assassinada. As investigações indicam que Cláudia foi morta por um tiro, disparado por Roberto, no carro da entidade, antes de o veículo ser abandonado na região do bairro Vila Dutra.
Imagens de uma câmera de segurança mostram o presidente saindo do banco de passageiro e assumindo o volante, enquanto Cláudia vai para o banco traseiro. O carro permaneceu estacionado por três minutos, momento em que, segundo a polícia, Roberto disparou contra Cláudia.
"O Roberto sai do banco do passageiro e assume a direção, indo a Cláudia para o banco de trás, tranquilamente, sem nenhum tipo de ameaça ou pressão. Esse veículo fica parado por cerca de três minutos. Para nossa investigação, é nesse momento que acontece o disparo, porque, daí, ele já sai direto para a região rural do bairro Pousada da Esperança", explicou o delegado Cledson do Nascimento.
Após o crime, Roberto teria acionado Dilomar Batista, funcionário do almoxarifado da Apae, a quem ele teria ameaçado para ajudá-lo no descarte do corpo. Dilomar foi ouvido pela polícia no dia 23 de agosto e confessou que ajudou a queimar o corpo de Cláudia sob ameaça de Roberto.
O funcionário relatou que o corpo foi incinerado em uma área de descarte usada esporadicamente pela Apae e disse que, quatro dias depois, voltou para espalhar as cinzas em áreas de mata ao redor do local.
No dia do crime, Dilomar assumiu o veículo que Cláudia dirigia e o abandonou na região da Vila Dutra, de onde ele e Roberto partiram em outro veículo da instituição.
Buscas por Cláudia Lobo
Em coletiva à imprensa, a Apae confirmou que a área rural onde foram feitas buscas por Cláudia foi utilizada algumas vezes para descarte de material da entidade, inclusive no dia em que a secretária desapareceu, mas que isso só foi descoberto após uma sindicância interna. Também disse que os descartes acontecem exclusivamente nos ecopontos da cidade.
Durante as mesmas buscas, a polícia encontrou os óculos da funcionária, objeto que foi reconhecido por parentes dela.
Além disso, um exame balístico confirmou que um estojo de pistola calibre 380 encontrado dentro do veículo no qual a funcionária da Apae de Bauru foi vista pela última vez foi disparado pela arma apreendida na residência do ex-presidente da associação.
Mais de uma semana depois do desaparecimento de Cláudia, um sinal de celular confirmou que Roberto esteve no local onde o carro da entidade usado por ela foi encontrado.
Oficiais da 3ª Delegacia de Homicídios de Bauru analisaram imagens de câmeras de segurança que mostram a vítima ao volante do veículo que dirigia quando foi vista pela última vez.
O documento também menciona que o histórico de chamadas do celular de Roberto mostra movimentações na rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva (SP), e no local onde o veículo foi encontrado, no dia seguinte ao desaparecimento.