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Da língua à adaptação cultural: estrangeiros falam sobre desafios de estudar em escolas brasileiras

Escola estadual de Bauru (SP) tem seis alunos de diferentes países e segue algumas diretrizes para o acolhimento deles. Língua diferente é um dos principais desafios das crianças e adolescentes.


O mundo escolar costuma ser um ambiente de muitos desafios e novas experiências para as crianças e jovens. Mas, no caso dos alunos estrangeiros, esse ambiente se torna ainda mais desafiador. Um dos maiores obstáculos é, claro, o idioma diferente. Fora isso, as diferenças culturais e de costumes só trazem benefícios, segundo os especialistas.

Uma experiência que Michele Jing Yan Huang está vivendo na prática. A estudante de 11 anos, que atualmente mora em Bauru (SP), nasceu no Brasil, mas toda a família dela é de Taiwan.

E Michele não está sozinha. Em outra sala está o Ivan, irmão dela. Ele tem 14 anos e está no oitavo ano na Escola Estadual "Professora Mercedes Paz Bueno", que recebe alunos do ensino fundamental.

Estudante veio de Taiwan para viver no Brasil — Foto: Reprodução/TV TEM


Na escola, não são só os irmãos que são de outra nacionalidade. No total, são seis alunos que nasceram fora ou no Brasil, mas que vêm de famílias estrangeiras. Para Michele e Ivan, ainda existe a dificuldade da língua portuguesa.

Apesar de morarem há um bom tempo no Brasil, o português deles ainda não está 100% e, dentro de casa, eles só falam em mandarim com os pais. Com muita dificuldade ainda com a língua, além da timidez, os dois disseram que as matérias que mais gostam são inglês e matemática.
Ema é peruana e mora em Bauru com a mãe, que também veio do Peru, e o pai brasileiro — Foto: Reprodução/TV TEM/


Além da barreira da língua, existe a questão cultural. Afinal de contas, cada um é diferente do outro. Também alunos estrangeiros, Emma Mia Seolin é peruana e Leonardo Suarez Verduguez veio da Bolívia.

O menino está no Brasil há apenas um ano e a escola também é nova para ele. Leonardo ainda está se adaptando e conhecendo a turma, mas já se sente bem no novo país.

"Depois de ter passado por anos pela tristeza do bullying, pelo menos no Brasil é mais tranquilo e não tem tanto bullying assim. Nas outras escolas, sempre tinha muita gente má", afirma.
Já Emma nasceu no Peru e tem dez anos de idade. A mãe da estudante é do país vizinho e o pai é brasileiro. Por isso que, apesar da timidez, ela manda bem no idioma.

"Quando vejo que alguém fala espanhol comigo, eu já respondo nessa língua, e, se alguém fala português comigo, também respondo em português, é uma língua fácil e que já estou acostumada."
Irmãos de Taiwan estudam na escola estadual em Bauru — Foto: Reprodução/TV TEM



Para que as crianças estrangeiras se sintam mais confortáveis, a escola tem algumas diretrizes dentro e fora de sala de aula, como explica a diretora Francislene Urso de Moura Marques.

"Nós temos projetos para engajar tanto alunos como os pais. Nós tivemos pais que vieram palestrar para a gente e contar um pouco sobre a sua cultura. Então, essa é a forma de trabalharmos na interdisciplinaridade."

Apesar disso, a escola não tem nenhum programa especial de recepção para estes alunos.

Estrangeiros na rede estadual
Todo estrangeiro legalizado no Brasil tem direito à educação pública. Segundo a Secretaria de Educação, São Paulo tem hoje 17 mil alunos estrangeiros matriculados na rede estadual. Isso sem contar as escolas particulares e municipais.

Cada local trabalha esta realidade de uma forma diferente, buscando sempre o acolhimento dessas crianças, porque os casos de bullying e de discriminação podem acontecer.

A psicóloga Rhuane Frascarelli explicou que os alunos estrangeiros devem se orgulhar da sua cultura, das diferenças, e usar isso a favor deles.

"A melhor forma da criança lidar com essa fase de adaptação é ela entender que o que ela é, é importante também. O que ela pode oferecer para o outro é o olhar diferenciado dela sobre o mundo. Então, se eu tenho uma criança que só fala português e só viveu aqui no Brasil e tenho outra que veio da Espanha, do México e de qualquer outro país, ela contribui, ela apresenta uma outra visão de mundo, e há também uma troca. Toda criança, todo ser humano, independentemente da idade, precisa dessa troca", destaca.


Fonte: G1

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