Não se trata de uma revolução. Mas é bom ver o treinador tentando algo diferente em um time tão previsível
Um pouco pela necessidade imposta por lesões, um pouco por ter se convencido de que é preciso testar alternativas, o técnico Dorival Júnior decidiu mexer na escalação da Seleção Brasileira. O time que irá a campo contra o Chile, nesta quinta-feira, às 21h, será sensivelmente diferente daquele abatido pela fraca equipe do Paraguai na rodada passada das Eliminatórias. É um acerto do treinador.
A principal mudança está na engrenagem ofensiva. Sai Bruno Guimarães, um volante de saída para o jogo, e entra uma estrutura alicerçada em quatro jogadores mais avançados: Rodrygo, Savinho, Raphinha e Igor Jesus. André e Lucas Paquetá seguem na equipe.
A lógica da mexida leva a crer que ela aconteceria mesmo se Vini Jr estivesse convocado – ele foi cortado por lesão. A mudança não é técnica, não é de peças: é de ideia de jogo.
Não há motivos para termos grandes expectativas. A Seleção vem nos ensinando a não alimentá-las. Mas me parece um movimento interessante do treinador. Com os jogadores escolhidos, podemos esperar um time mais leve, ágil, de movimentação. E sem perder muito em capacidade de marcação. São jogadores que, se bem orientados, saberão ajudar na proteção.
Também acho correto que as escolhas respeitem o momento dos jogadores. Raphinha faz grande começo de temporada europeia pelo Barcelona. Igor Jesus vem jogando muito pelo Botafogo. Mesmo que não pareçam titulares a longo prazo, é compreensível que sejam agora.
Não se trata de uma revolução. Não teremos nossas desconfianças apaziguadas esta noite – até porque o time mal treinou. Mas é uma tentativa de fazer algo diferente em uma equipe cuja maior característica é a previsibilidade. Dorival tinha que tentar quebrar esse marasmo.
O treinador tem pela frente desafios muito maiores do que o jogo contra o Chile ou a classificação para a Copa do Mundo – ela fatalmente virá. Caso sobreviva no cargo até 2026 (tenho sérias dúvidas), ele precisará achar soluções para as laterais, encontrar uma estrutura de meio-campo, fazer Vini Jr jogar bem e, aos poucos, integrar Endrick ao time titular. Só aí o Brasil poderá se permitir sonhar com um Mundial promissor em 2026.
Mas isso precisa começar em algum momento, e o momento é agora. Fazendo mais do mesmo, Dorival não levaria a Seleção a lugar algum.
Fonte: Ge