Ex-governador tucano busca reaproximação com o governo federal enquanto foca em ampliar seus negócios
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João Doria, ex-governador de São Paulo e ex-presidenciável, procurou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se retratar por declarações e atitudes passadas, reforçando o movimento que O Antagonista definiu em 3 de outubro de 2023 como “a volta de Doria ao empresariado governista”. https://oantagonista.com.br/brasil/a-volta-de-doria-ao-empresariado-governista/
Em carta enviada ao Planalto, Doria reconheceu “exageros e equívocos” e manifestou o desejo de deixar para trás as tensões que marcaram sua relação com o líder petista. A mensagem foi entregue por Geraldo Alckmin, vice-presidente e ex-governador aliado de Doria. “Queria ter a chance de dizer que errei”, afirmou Doria, segundo informações reveladas pelo jornal O Globo e confirmadas pelo próprio ex-governador
Doria entrou na política com forte discurso antipetista e marcou sua trajetória ao vencer a eleição para prefeito de São Paulo em 2016 no primeiro turno, feito inédito na maior cidade do país. Com o slogan “João trabalhador”, o empresário foi eleito prometendo uma gestão empresarial e resultados rápidos, o que inicialmente lhe rendeu popularidade. No entanto, ao abandonar a postura combativa e buscar um perfil mais conciliador, Doria passou a enfrentar dificuldades eleitorais. Em 2018, venceu com dificuldade a disputa para o governo paulista.
Em 2022, após vencer as prévias do PSDB para ser o candidato do partido à presidência, Doria viu sua campanha naufragar. A direção do PSDB recuou no apoio à sua candidatura, o que encerrou sua trajetória como presidenciável. Diante da falta de apoio e desgastes internos, ele anunciou o abandono da política para retomar sua carreira empresarial e focar na expansão do grupo Lide, voltado à organização de eventos corporativos.
Agora, fora do cenário eleitoral, Doria afirma que não pretende retornar à política, mas deseja manter uma relação próxima com figuras políticas influentes. “Saí em definitivo da política. Não tenho mágoa nem ressentimento. Mas, para a política, não volto mais”, declarou ao O Globo. A tentativa de reaproximação com Lula e outros líderes do governo faz parte de uma estratégia para solidificar seu espaço no setor empresarial. Contudo, resistências permanecem, especialmente devido a declarações passadas de Doria, que chegou a ironizar a prisão de Lula em 2019.
Apesar dos obstáculos, Doria intensificou os eventos do Lide, ampliando o número de encontros anuais e estabelecendo novas filiais internacionais. Discretamente, ele tem se reunido com ministros do governo e governadores aliados do PT, buscando retomar laços institucionais. Até agora, não houve resposta de Lula à carta enviada por Doria.
Para o ex-governador, o gesto foi suficiente: “Minha alma está mais tranquila”, concluiu.
Fonte: O Antagonista