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Justiça marca primeira audiência do caso de desaparecimento de secretária executiva da Apae em Bauru

Para a Polícia Civil de Bauru, Cláudia Lobo foi morta pelo ex-presidente da entidade, Roberto Franceschetti, que está preso desde o dia 15 de agosto. Porém sem o atestado de óbito, ela oficialmente ainda é considerada viva.




A Justiça marcou a primeira audiência do caso do desaparecimento da secretária executiva da Apae de Bauru (SP). Ficou agendado para o dia 16 de janeiro de 2025, o depoimento do ex-presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, suspeito, segundo a Polícia Civil, de ter assassinado Cláudia Lobo.


A funcionária de 55 anos foi vista pela última vez saindo do prédio administrativo da entidade com um envelope nas mãos, em um carro pertencente à Apae, no dia 6 de agosto deste ano.

Para a polícia, Cláudia foi morta por Roberto com um tiro no mesmo dia. Indiciado pelo crime de homicídio, ex-presidente da Apae está preso desde o dia 15 de agosto.


Na audiência do dia 16 de janeiro, também deve ser ouvido o ex-funcionário da Apae, Dilomar Batista, que atuava no almoxarifado e teria ajudado Roberto a se livrar do corpo da secretária executiva da entidade. A audiência está prevista para começar às 13h30.


A decisão sobre a audiência foi publicada na última segunda-feira (27) pelo juiz Fábio Correia Bonini, da 4ª Vara Criminal de Bauru. Um dias antes, no dia 15 de janeiro, devem ser ouvidas as testemunhas de defesa e acusação do caso, que segue em segredo de Justiça, e os nomes das pessoas que vão prestar depoimento não foram divulgados.


No mesmo despacho, o juiz nega também a defesa prévia de Roberto que alegou que a falta de laudos impossibilita a realização dessa audiência. Para o juiz, existem provas suficientes da autoria do suspeito.

A defesa de Roberto disse que entrou com o pedido de Habeas Corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e aguarda a análise do pedido. Além disso, de acordo com a defesa, um dos laudos que teve resultado divulgado foi do material genético recolhido no carro da Apae e que, confrontado com o material genético do ex-presidente da Apae, teria dado negativo. O material foi recolhido do volante e

Além disso, diante da falta de outros laudos, como o dos fragmentos de ossos encontrados no local onde o corpo teria sido descartado, a defesa entrou com um pedido de correição parcial do processo.

"Nós entendemos que pelo fato de está faltando vários laudos, principalmente o laudo dos fragmentos ósseos, a gente entende que não é possível, não é viável que seja realizada essa audiência sem esses documentos. Isso são provas que foram apresentadas pela polícia, só que não tem resultados dela. Então nós entendemos que isso prejudica a defesa, a ampla defesa e o contraditório que são princípios constitucionais que devem ser resguardados", explica o advogado Leandro Pistelli.


Caso de homicídio
A Polícia Civil confirmou, em coletiva de imprensa realizada no dia 26 de agosto, que o Cláudia foi assassinada por Roberto Franceschetti Filho.

Segundo as investigações, Cláudia foi morta com um único tiro disparado pelo ex-presidente da Apae dentro do carro da entidade, antes de o veículo ser abandonado na região do bairro Vila Dutra.

Polícia Civil fez uma coletiva de imprensa para atualizar as informações sobre o caso da funcionária da Apae de Bauru — Foto: Paulo Piassi/g1


Imagens de uma câmera de segurança mostram o presidente saindo do banco de passageiro e assumindo o volante, enquanto Cláudia vai para o banco traseiro. O carro permaneceu estacionado por três minutos, momento em que, segundo a Polícia, Roberto disparou contra Cláudia.


Após o crime, Roberto teria acionado Dilomar Batista, então funcionário do almoxarifado da Apae, a quem ameaçou para que ajudasse no descarte do corpo. Dilomar foi ouvido pela polícia e confessou ter ajudado a queimar o corpo de Cláudia sob ameaça de Roberto.

Corpo foi descartado e queimado por quatro dias em uma área rural de Bauru (SP) — Foto: Polícia Civil/Divulgação



O funcionário relatou que o corpo foi incinerado em uma área de descarte usada esporadicamente pela Apae e, quatro dias depois, ele retornou ao local para espalhar as cinzas em áreas de mata ao redor. No dia do crime, Dilomar assumiu o veículo que Cláudia dirigia e o abandonou na região da Vila Dutra, de onde ele e Roberto partiram em outro veículo da instituição.


Câmeras de segurança e sinal de celular

Mais de uma semana após o desaparecimento de Cláudia, um sinal de celular confirmou que Roberto esteve no local onde o carro da entidade usado por ela foi encontrado.

O documento também menciona que o histórico de chamadas do celular de Roberto mostra movimentações na rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva, e no local onde o veículo foi encontrado, no dia seguinte ao desaparecimento.

Imagens de uma câmera de segurança divulgadas pela Polícia Civil mostram também o veículo que a funcionária da Apae dirigia circulando próximo ao local onde foi encontrado, no dia seguinte ao crime.

Buscas pelo corpo
Ainda não há confirmação de que os vestígios de ossos encontrados no local indicado por Dilomar, onde Cláudia foi carbonizada, sejam realmente da funcionária. O material segue em análise no Núcleo de Biologia e Bioquímica da Polícia Científica de São Paulo.

Polícia realizou buscas na tarde desta terça-feira (20) por um possível corpo da funcionária da Apae desaparecida, Claudia Regina da Rocha Lobo — Foto: TV TEM/Reprodução



Durante as buscas, a polícia encontrou os óculos da funcionária, que foram reconhecidos por seus parentes. O exame balístico confirmou que um estojo de pistola calibre 380, encontrado dentro do veículo no qual Cláudia foi vista pela última vez, foi disparado pela arma apreendida na residência do ex-presidente da associação.

Suspeito preso e motivação
A Polícia Civil confirmou que, no dia em que foi preso, Roberto Franceschetti Filho confessou informalmente que matou Cláudia, informação que orientou as investigações a partir dali.

Presidente da Apae presta depoimento à polícia e diz não ter envolvimento no desaparecimento de funcionária — Foto: Gabriel Pelosi/TV TEM



Antes de ser investigado como principal suspeito, Roberto tentou desviar as investigações, sugerindo que um familiar de Cláudia, que havia sido preso por tráfico, estivesse envolvido no caso, alegando que a secretária estaria arcando com dívidas desse parente.

Ao mesmo tempo, a coordenadora financeira da Apae confirmou que Roberto liberava "adiantamentos" que eram registrados como pagamentos para fornecedores, sendo diretamente repassados para Cláudia.

O computador de Cláudia foi periciado, e nele foram encontradas planilhas de contabilidade pessoal com indícios de inconsistências financeiras, incluindo valores em aberto relacionados a Roberto.

Polícia Científica realizou buscas na Apae de Bauru — Foto: Thaís Andrioli/TV TEM



A investigação concluiu que havia uma disputa de poder entre o ex-presidente da Apae e a secretária executiva. Segundo o delegado, Roberto era, na verdade, subordinado a Cláudia. Supõe-se que ela teria colocado o suspeito na presidência da entidade, e depois ele quis se desvincular dela.

A Justiça de Bauru aceitou o pedido da 3ª Delegacia de Homicídios (3ª DH) da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) e decretou a prisão preventiva de Roberto Franceschetti Filho. O inquérito foi finalizado em 10 de outubro e encaminhado para o Ministério Público.

No inquérito, Dilomar foi indiciado pelos crimes de ocultação de cadáver e fraude processual. Sua prisão foi pedida durante a investigação, mas negada, pois não foram encontrados outros elementos que justificassem a prisão preventiva, e os crimes pelos quais ele foi indiciado têm penas mais brandas. Ele segue sendo investigado em liberdade.

Funcionário do almoxarifado da Apae de Bauru é ouvido sobre desaparecimento de secretária — Foto: Andressa Lara/TV TEM



De acordo com o delegado responsável pelo caso, Cledson do Nascimento, má gestão, desvio de verbas e disputa de poder na Apae são apontados como possíveis motivações para o crime.

Irregularidades financeiras e sindicância interna
A Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Bauru abriu uma sindicância interna para investigar possíveis irregularidades financeiras, após o Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold) instaurar um inquérito policial para investigar a instituição.

Em nota, a presidente interina da Apae assegurou que a instituição está colaborando com as investigações e que, apesar da gravidade dos acontecimentos, a entidade continua a prestar seus serviços à comunidade.

Apae de Bauru — Foto: Reprodução/Google Maps


Fonte: G1

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