Kelvin Della Torre, de Ourinhos (SP), fundou marca de pipoca com o objetivo de arrecadar fundos para suas produções. Em 2018, com venda de balas de goma, o ator chegou a ir aos Estados Unidos para estudar atuação.
Ator de Ourinhos (SP) que usou vendas de balas para ir a Miami tem projeto de pipocas artesanais para financiar filme — Foto: Arquivo pessoal
Um ator e cineasta de Ourinhos (SP) encontrou nas pipocas artesanais o caminho para levantar verba e conseguir produzir filmes no interior de São Paulo. Há seis anos, ele já havia feito algo parecido: vendeu balas de goma para ir aos Estados Unidos estudar atuação.
Kelvin Della Torre, de 41 anos, fundou a marca Zé da Pipoca em 2019, após tentar, sem sucesso, buscar patrocínios para financiar seus curtas-metragens. "Tentei buscar patrocínio, mas, no interior, as pessoas têm a mente fechada. Então, resolvi fazer do meu jeito", conta.
Em entrevista ao g1, Kelvin contou que sempre teve uma "veia empreendedora", influenciado por sua família, que trabalhava com a venda de roupas.
Eventualmente, ele também se envolveu com o ramo, embora sempre tenha sonhado em ser ator, um desejo que nasceu aos sete anos, quando assistiu a uma novela mexicana com Gael García Bernal ainda criança.
"Quando eu vi o Gael Garcia Bernal criança na TV, eu disse para a minha mãe: 'Quero trabalhar assim!'. E nunca mais tirei isso da cabeça", recorda.
Reviver o sonho de criança
Em 2015, os pais de Kelvin morreram com poucos meses de diferença, o que o fez repensar o rumo de sua vida. "Eu estava perdido, sem saber o que fazer da vida, mas sempre soube que queria trabalhar com arte", afirmou.
Em 2016, a convite de um amigo que já morava nos Estados Unidos, ele foi passar alguns meses em Los Angeles, na Califórnia. Foi lá que Kelvin reviveu sua paixão pela carreira artística e o desejo de seguir no cinema.
"Foi lá que percebi o tamanho do universo cinematográfico. Conheci sets de filmagem, fui recebido por artistas. Foi surreal. Mas foi ali também que entendi: 'É esse o mundo que eu quero para mim'", lembra.
De volta ao Brasil, determinado a seguir no cinema, Kelvin começou a vender balas de goma nas ruas para custear cursos e seus projetos. A ideia surgiu após ele ser despejado da casa onde morava com os pais, em 2018. Durante o período de vendas, ele chegou até a morar em um hotel no Centro de Ourinhos.
Nos pacotes de balas, Kelvin escreveu:
"Sou ator e cineasta. Você pode conhecer meu trabalho e me seguir no Instagram. Vai que amanhã eu viro um James Cameron ou até um Tom Cruise? Aí você já é meu amigo."
A ideia fez tanto sucesso que, segundo ele, em poucos meses já tinha o suficiente para custear um curso intensivo de atuação em Miami.
"Como eu tinha um amigo lá, consegui economizar bastante, pois ele me hospedou. Foi assim que conheci a escola Miami Acting Studio, que já recebeu vários atores da Globo", explica.
Pipocas artesanais
De volta ao Brasil, em 2019, Kelvin percebeu que precisava organizar sua vida financeira para realizar o sonho de produzir seu próprio longa-metragem.
Foi então que surgiu a ideia de criar a marca de pipocas. Ele passou a produzir e vender pipocas artesanais, dividindo seu tempo entre o trabalho e a busca por financiamento para seus projetos.
"Queria fazer isso crescer e financiar meu filme com o próprio trabalho. Mas o dinheiro que entra também é usado para pagar as contas básicas, então ainda estou na batalha para juntar o suficiente", conta.
Os projetos, roteiros e equipes para os filmes já estão prontos. São três títulos, alguns até planejados como trilogias.
"Hoje, meu objetivo é produzir esses filmes. O orçamento com uma produtora profissional ficou em torno de R$ 50 mil, então continuo trabalhando para arrecadar esse valor", finaliza.
Produtos são produzidos por Kelvin de forma caseira — Foto: Arquivo pessoal
Fonte: G1