O jovem ourinhense Rafael Oliveira Bueno de Camargo, de 22 anos - morto no último dia 08, durante combate na guerra entre Ucrânia e Rússia, que já dura 3 anos – se alistou na guerra sem que a famílias soubesse e somente depois, revelou seu verdadeiro destino, segundo sua mãe Renata Teixeira.
Rafael sabia que a família tentaria impedi-lo de servir na Ucrânia. Por isso, mentiu. Disse que estava indo para a França, em setembro de 2024. “Ele nos contou que iria para os Legionários (Legião Internacional para a Defesa da Ucrânia, exército voluntário de estrangeiros), mas não para o país [Ucrânia]. Só nos disse quando chegou lá que já tinha se alistado”, recorda.
Renata diz que, quando soube, se desesperou e brigou com o filho. “Falei para ele voltar, mas Rafael disse que aquela era a sua vontade.” Ela afirma que precisou procurar ajuda médica e de remédios para lidar com o fato de o filho estar nas trincheiras. “Deus acalmou meu coração e conforme os dias foram passando, comecei a pensar que ia dar tudo certo”, disse.
“Rafael sempre foi um menino de ouro. Era bravo, mas sempre foi educado e determinado”, revelou Renata. Segundo ela, quando tinha oito anos, o filho resolveu que iria emagrecer e passou a se dedicar aos esportes.
O desejo de servir ao exército veio só na adolescência. “Ele tinha essa vontade, mas como começou a namorar, achávamos que tinha desistido. Para servir, precisaria ficar muito tempo longe da namorada e da família”, conta Renata. O namoro durou três anos e nesse período o jovem trabalhou em um supermercado. Com o fim da relação, ele novamente manifestou a vontade de ser combatente.
Post nas redes sociais confirmou morte
A família não descobriu da morte de Rafael de forma oficial, e sim por meio de uma postagem nas redes sociais. “Vimos no Instagram de um dos meninos que estava com ele um post com uma foto dele com o Rafael escrito ‘RIP hermano’. Quando minha filha me mostrou, falei que ele tinha morrido”, contou Renata.
Em outro post, um segundo colega de Rafael o elogiava e dizia que ele tinha salvado sua vida. Foi então que a família começou a correr atrás de informações sobre o paradeiro dele. Eles conseguiram contato com o exército de voluntários e um dos combatentes, depois de muita insistência, confirmou a morte, informou.
“Ele não queria dizer, falava que era confidencial. Mas insistimos, dissemos que a família estava desesperada, imploramos. Aí ele disse que o Rafael tinha morrido”, disse Renata Teixeira, mãe de Rafael.
Só depois disso um capitão entrou em contato com a família e fez a confirmação. Até agora, nenhum órgão oficial emitiu documento sobre a morte do jovem, conforme a família. “Me explicaram que a guerra é feita de missões. Essa, que o Rafael morreu, ainda dura cerca de oito dias. E só depois eles vão ver quem está faltando.”
Renata diz que o filho ajudava a esvaziar um prédio quando um colega português ficou para trás. Rafael voltou para buscá-lo e, antes que eles conseguissem sair da edificação, uma bomba explodiu o local.
Segundo o Itamaraty pelo menos 12 brasileiros que lutavam como voluntário pela Ucrânia no conflito contra a Rússia morreram ou estão desaparecidos.