Neste sábado, 08 de março, se comemora em todo o país, o Dia Internacional da Mulher. Em homenagem a esta data tão importante, o Tribuna Ourinhense entrevistou três mulheres com trajetórias diferentes, mas com algo em comum: o desafio diário de ser mulher, tendo que superar preconceitos e discriminações além de conciliar seu papel de mulher na sociedade com a de mãe, profissional e dona de casa.
A produtora cultural Andréia Santos nos falou de todos os desafios e superações em sua vida pelo fato de ser mulher. “Sou mulher, militante, preta e mãe. Realizar diversos projetos culturais e sociais tem sido uma jornada complexa, mas profundamente rica. Desde cedo, compreendi que minha luta não é apenas individual, mas coletiva, construída sobre a resistência de mulheres que me antecederam. Minhas identidades — negra, mulher, mãe — acentuam as dificuldades que enfrentei. Navegar em um mundo para desfavorecer pessoas como eu, ter resiliência, autoconhecimento e uma rede de apoio é fundamental. Por carregar todas essas características, sou constantemente testada em minha capacidade, enfrentando críticas diárias em todos os espaços. Não sou a única; toda mulher preta e periférica enfrenta o peso de não poder errar, pois um único erro a marca para a vida inteira. Essa realidade persiste, e por isso sigo na luta. Lembro-me, por exemplo, das inúmeras vezes em que sofri racismo e machismo: no ambiente de trabalho, em espaços de lazer, no comércio… Até mesmo durante o parto e depois, senti a dor de meus filhos, que também sofreu racismo e abuso policial. Não superamos nem esquecemos esses traumas. A sociedade que cria esses problemas, e quanto mais esses atos são cometidos, mais forte eu me torno. Foram momentos de profunda dor e reflexão, mas também de fortalecimento e crescimento. Cada obstáculo superado reforça minha certeza na luta pela igualdade de direitos e oportunidades para todas as mulheres, especialmente as mulheres negras, que historicamente carregam um fardo ainda maior de opressão. O Dia Internacional da Mulher não é apenas uma data comemorativa, mas um marco fundamental que nos lembra a luta contínua por justiça social e igualdade de gênero. É um dia para celebrar a força, a resiliência e a perseverança das mulheres que moldaram e continuam a moldar nosso mundo. Para mim, este dia representa a luta para que nós, mulheres, possamos viver livres de violência, discriminação e opressão, onde nossas vozes sejam ouvidas e nossos direitos plenamente respeitados. Minha mensagem para todas as mulheres neste dia é de encorajamento e solidariedade. Não desistam de lutar pelos seus sonhos, apesar dos desafios. Construímos juntas um espaço de igualdade e respeito, reforçando nossa força coletiva e a importância da sororidade em nossa trajetória. Lembre-se: vocês são resilientes, vocês são fortes, vocês são essenciais e únicas”, ressaltou.
Fernanda Aparecida da Silva trabalha como diarista e falou sobre o que significa ser mulher na sociedade. “Nós mulheres em toda nossa vida, passamos por várias situações de preconceito e discriminação. Uma das grandes questões que a mulher enfrenta também é a de ser mãe solo, em que falta apoio para que ela volte a estudar e possa adquirir qualificação profissional para voltar ao mercado de trabalho e poder se sustentar sozinha e aos seus filhos. Muitas mulheres também vivem relacionamentos abusivos, que trazem consequências como a ansiedade e depressão. Eu tenho dois filhos e por eles faço tudo, e mesmo sendo mãe-solo e passando por dificuldades eu venci e superei cada uma delas e sou muito feliz e agradeço a Deus pelos filhos que tenho. O conselho que dou as mães-solo como eu, é que tenham força e superem seus desafios, pois vocês são fortes e conseguem também, assim como eu. O dia 08 de março para nós mulheres é uma conquista para que a gente seja ouvida, respeitada, valorizada. O que é eu quero dizer a todas as mulheres nesta data, é que continuem a lutar para que todos os dias sejam o nosso dia, e não apenas em 08 de março. Que façamos fazer valer nossos direitos, lutando e conquistando nossas vitórias. Feliz Dia da Mulher, para todas as mulheres, principalmente para as mães-solo”, destacou.
Franciele Cassola Sanches é manicure e nos falou dos grandes desafios que vive em sua vida e deixou uma mensagem para as mulheres. “Meu maior desafio é que sou mãe de uma criança autista que hoje tem 11 anos, e preciso trabalhar e não tem com quem deixar ele e ainda ter que lutar pela sua inclusão. O conselho que dou as mulheres que vivem a mesma realidade que a minha seria que por mais que a luta seja difícil devemos agradecer a Deus pela nossa vida porque se não fosse Deus não conseguiríamos, por isso elas não devem desistir, porque no final tudo dá certo. Quanta a esta data em homenagem às mulheres, acredito que Dia da Mulher é todos os dias e nesta data especial devemos sim comemorar as nossas conquistas ao longo da história”, afirmou.