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Morre aos 68 anos, Neusa Fleury, ícone da Cultura de Ourinhos


HOMENAGEM


A terça-feira, 18, amanheceu mais triste na cidade de Ourinhos. Deixou-nos aos 68 anos, a professora, escritora e ex-secretária de Cultura de Santa Cruz do Rio Pardo e de Ourinhos, Neusa Fleury Moraes, devido a complicações decorrentes de um transplante de rim realizado em um hospital de Londrina (PR). 

A notícia rapidamente se espalhou pelos principais veículos de comunicação de Ourinhos e região, criando forte comoção nas redes sociais e rendeu dezenas de homenagens emocionadas dos amigos e ex-colegas de trabalho, que a seu lado vivenciaram os ‘anos de ouro’ da Cultura na cidade de Ourinhos nas décadas dos anos 90 e 2000. 

O prefeito Guilherme Gonçalves decretou luto oficial de três dias na cidade, em uma justa homenagem a aquela que se tornou o ‘ícone’ da Cultura de Ourinhos que deixou um legado imensurável que revelou cantores, atores, bailarinos, escritores e poetas, entre outras formas de arte, todos formados no período em que esteve à frente da Secretaria de Cultura. 


Trajetória de Neusa Fleury

Neusa Fleury foi secretária de Cultura de Ourinhos nas gestões dos ex-prefeitos Claury Alves da Silva, Claudemir Alves da Silva e Toshio Misato.  

Ao longo de sua trajetória, Neusa Fleury deixou um legado inestimável para a Cultura de Ourinhos. Sua atuação como gestora cultural foi fundamental para transformar nossa cidade em um polo de referência na área. Como secretária de Cultura por três gestões em Ourinhos, Neusa idealizou e implementou diversos projetos culturais marcantes, incluindo a criação da Escola Municipal de Bailado, da Escola Municipal de Música e o Festival de Música de Ourinhos, levando o nome de nossa cidade a todo o Brasil.

Na década de 1990, participou da revitalização da área próxima à estação ferroviária, contribuindo para a instalação do Museu Municipal e a restauração do conjunto de casas que deram origem ao Centro de Convivência. Durante esse período, foi inaugurada uma biblioteca na Vila Odilon e implementadas bibliotecas volantes, atendendo crianças e adolescentes em diversos bairros. Além disso, esteve envolvida na instalação do Circo da Cultura Popular, iniciativa que oferecia oficinas de artes circenses e espetáculos com artistas formados pelo próprio projeto.

Escritora talentosa, publicou o livro de poesias ‘Me Voy Me Vengo’, uma homenagem à sua avó espanhola, Francisca Helena Padial (Paquita). Também colaborou com diversos jornais da região e integrou a equipe da série jornalística 100 Anos Ourinhos, do Jornal Biz, de seu filho, Bernardo Felipe Seixas. Além disso, coassinou os livros ‘Divina comunhão’, festa de todos os sons e ‘Um olhar sobre a presença japonesa em Ourinhos’, em parceria com Marco Aurélio Gomes, seu companheiro de vida nos últimos anos. 

Com sua dedicação e paixão pela cultura, Neusa fez de Ourinhos uma referência cultural no estado e no país, impactando a vida de inúmeros artistas, estudantes e cidadãos. Seu legado permanecerá vivo na memória da cidade e de todos que tiveram o privilégio de conhecer, trabalhar e aprender com ela.


Depoimentos de ex-colegas de trabalho

A reportagem do Tribuna Ourinhense entrevistou alguns ex-colegas de trabalho de Neusa Fleury, que vivenciaram a seu lado, sua trajetória à frente da secretaria de Cultura. Veja abaixo os depoimentos:

O diretor do Soarte, Leandro Faria, grupo de teatro de Ourinhos criado na gestão de Neusa Fleury, falou sobre sua importância.   “Conheci a Neusa um pouco antes dela se tornar diretora do Departamento de Cultura de Ourinhos, na gestão do então prefeito Claury Alves da Silva, em 1993. Meu primeiro contato com ela foi participando do coral que ela era a regente, o Cobra Coral. Quando estava montando sua equipe para o Departamento de Cultura (ainda não era secretaria), Neusa trouxe de volta para Ourinhos, o artista Sérgio Nunes. Logo o Sérgio começou a ministrar oficinas teatrais, e muitos integrantes do coral foram participar do teatro. Eu estava entre eles, e assim surgiu o Grupo Soarte. Desde o início o grupo participou dos eventos do Departamento de Cultura, então estávamos sempre juntos do Sérgio e da Neusa. E realmente eles formaram uma dupla que revolucionou a Cultura na cidade de Ourinhos. Foram muitos anos de convivência. A Neusa sempre foi uma gestora presente, amiga, cúmplice. Apoiava as ideias mais malucas do Sérgio, sabendo que para realizar uma gestão cultural relevante é preciso coragem e ousadia. E assim surgiram as Escolas de Música e Bailado, o Festival de Música, o Centro Cultural Tom Jobim, o Circo da Cultura Popular, as Bibliotecas, Feira do Folclore, Festival de Teatro, Dança, Literatura, oficinas formativas, e muitas outras realizações. Após a morte do Sérgio, em 2008, Neusa, que na época estava como secretária na gestão do prefeito Toshio Misato, me convidou para trabalhar com ela na Secretaria de Cultura. Fiz parte da sua equipe de 2009 até 2012. Foram anos de muita produção cultural. Trabalhar com a Neusa era muito gratificante, ela me dava todo apoio e liberdade para desenvolver os projetos. Como minha área é o teatro, pude desenvolver meu lado de diretor teatral, ministrando as oficinas da secretaria, além de dirigir o Grupo Soarte, após a morte do Sérgio. Criamos a Mostra Sérgio Nunes de Artes Cênicas, do qual fui curador durante esses quatro anos. Era muito bom fazer parte da equipe da Neusa. Era uma equipe de profissionais comprometidos com a Cultura. Pessoas que sabiam da importância daquelas realizações, e como a arte é fundamental para a transformação da sociedade. Foram anos intensos, de trocas e muita produção. Neste período foi criado o programa VivOurinhos, o festival literário A(o)gosto das Letras, o Edital Municipal de Cultura. O Ponto de Cultura, Para Ler o Mundo, entre outras realizações. E a Neusa sempre presente, intensa, incansável, na liderança desta equipe. Serei sempre grato pela sua amizade e por ter trabalhado ao seu lado. Por lá em 1993, ela ter trazido o Sérgio para Ourinhos, pois sem isso, o Grupo Soarte, do qual faço parte até hoje, não existiria. Recentemente tive a oportunidade de entrevistá-la para a produção do documentário Soarte 30 anos. Foi uma longa conversa em que lembramos de muitas histórias durante todos esses anos de convivência.Neusa é dessas pessoas que deixam marcas, sua personalidade forte, seu caráter, generosidade e amor pela Cultura,fizeram toda diferença para a nossa cidade e região. Ela deixa um legado eterno. Neusa vive!


Marcelo Rodolfo de Mattos, o ‘Piraju’, nos falou do trabalho desenvolvido por Neusa Fleury e destacou suas inúmeras realizações na Secretaria de Cultura de Ourinhos. “Para mim, Neusa Fleury foi a mulher mais importante da Cultura na nossa cidade, reconhecida nacionalmente. Em suas gestões à frente da secretaria da Cultura criou o Centro Cultural, composto pela Escolas Municipais de Música, Dança, Teatro (com oficinas permanentes de teatro), Núcleo de Artes, Circo da Cultura Popular, duas Bibliotecas, os Festivais de Música, Teatro, Dança, Literatura e de Curtas. Revitalizou e digitalizou o Museu, tombou todas casas antigas que ainda restam na nossa cidade, criou o Edital Municipal Cultural, só com recursos de Ourinhos com valores acima de R$500 mil, fez carnaval com escolas de samba das Vilas, Cinema e Oficinas culturais nos bairros, em escolas e Associação de Moradores. Tinha em sua equipe os melhores profissionais em cada área, Sérgio Nunes (teatro), Lalo de Freitas (Dança) e Jairo Cavalcanti (Música). Além disto teve o Ponto de Cultura instalado através da AABIP, na Biblioteca Tristão de Athaide por anos, levando por dia, mais 300 alunos em busca de livros e participando de projetos e oficinas. Tive o prazer de fazer parte da sua equipe por muitos anos, só tenho a agradecer por tudo que me envolvi, me diverti e aprendi, graças a Neusa Fleury”, revelou. 


Aparecido dos Anjos, o ‘Neguitinho’ que trabalhou durante 30 anos como iluminador do Teatro Municipal e que também é músico, acompanhou de perto a trajetória de Neusa Fleury à frente da secretaria de Cultura em três gestões diferentes e enfatizou o papel determinante dela para a Cultura de Ourinhos e na vida das pessoas das diversas artes abrangidas pela Pasta e que sempre tiveram o seu apoio. “A melhor definição para entender a importância e a dimensão da Neusa Fleury é que a Cultura de Ourinhos se divide entre antes e depois da Neusa. Eu sinceramente não sei o que seria de todos nós e da Cultura da nossa cidade, se não tivesse existido Neusa Fleury. Sua primeira grande ação e que desembocou em todas as outras subsequentes, foi trazer Sérgio Nunes para Ourinhos, que criou a escola de teatro, o Circo Popular e levou a Cultura para as periferias da cidade. A Neusa estruturou o Centro Cultural Tom Jobim, criando a Escola de Música que propiciou que muitas pessoas que tinham o sonho de se tornar músicos e que eram de origem humilde, ter a condição de aprender um instrumento, além é claro daqueles que viraram músicos profissionais, que puderam ir para Tatuí para aperfeiçoar seu aprendizado e muitos deles hoje são professores na Escola de Música. Além disto, foi criada a Escola de Bailado, também propiciando que crianças e adolescentes vindas dos bairros periféricos de Ourinhos realizassem o sonho de serem bailarinos, e tivemos os Festivais de Dança que permanecem até hoje e temos vários bailarinos formados aqui que atuam profissionalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e até no Exterior, assim como músicos formados aqui que foram tocar no Exterior. No campo do teatro, tivemos a realização dos Festivais de Teatro que se mantém até hoje e viraram referência em nossa região, e a escola de teatro revelou diversos atores que hoje são professores e que se tornaram referência em nossa cidade. O Circo Popular que levou o circo para todos os bairros, foi criado o carnaval de rua em Ourinhos, que chegou a ter por muitos anos, desfiles de escolas de samba e blocos carnavalescos, no campo literário tivemos o Agosto de Letras, que trazia escritores renomados Por fim, o Festival de Música que se tornou referência nacional e trouxe grandes nomes da música brasileira para se apresentar em nossa cidade. Enfim, a importância da Neusa é gigantesca e imensurável, deixou um legado importantíssimo para a Cultura da nossa cidade e com certeza, transformou a vida de muitas pessoas das mais diversas áreas da Cultura”, ressaltou. 


 O ex-prefeito de Ourinhos, Toshio Misato, também falou do importante trabalho de Neusa Fleury à frente da secretaria da Cultura, em sua gestão e os benefícios trazidos para a cidade de Ourinhos. “Foi com muita tristeza que soube da morte da estimada Neusa Fleury a qual considero uma profissional de grande cultura intelectual. Trabalhamos juntos na prefeitura onde ela desempenhou um trabalho excelente na área cultural onde pudemos criar o Festival Estadual de Dança que ficou por alguns anos abrilhantando Ourinhos e atraindo visitantes de todo Brasil durante o Festival. Deu ao Festival de Música um salto enorme também atraindo turistas e alunos de quase todo Brasil, Inseriu todo comércio e a cidade num ambiente extremamente cultural principalmente entre os jovens nas Canjas musicais nos bares da cidade… Ourinhos respirou Cultura com ela no comando!!”Foi alegrar o Céu!!!”, ressaltou. 



Homenagens nas redes sociais    

A morte de Neusa Fleury rendeu várias homenagens nas redes sociais, dentre elas, se destaca a do maestro Jefferson Bento, secretário de Cultura de Ourinhos.  Leia abaixo:  

“A vida é feita e construída diariamente. Lembro-me quando fui convidado para trabalhar em Ourinhos como músico. Estava na Unicamp e ela me convidou. Sim, ela. Ela que teve uma trajetória marcante. Musicista com o seu piano, soube que também deu aulas de coral no Teatro Municipal Miguel Cury, na gestão do prefeito Clóvis Chiaradia. 

Com sua personalidade marcante, aos poucos foi ocupando espaços que até então não eram ocupados majoritariamente por elas.

Ao longo da década de 90 agiu diretamente para que as políticas culturais em Ourinhos começassem a ganhar corpo quando surgiram as escolas municipais de bailado e música e o “Centro de Convivência Jornalista Benedito da Silva Eloy”.

Como leitora e escritora, trabalhou potencializando as bibliotecas da cidade e concomitantemente fez com que a cidade se tornasse referência cultural na região e no estado de São Paulo, sendo a “mãe” de diversos festivais como o de música, dança, teatro e literatura.

Muitas pessoas passaram pela pasta, mas com certeza ela foi um divisor de águas. Ainda não disse o seu nome pela força que ele tem, mas não só por isso, mas porque aqui, na secretaria municipal de cultura e no lugar em que ocupo atualmente, o seu nome nunca deixará de existir. 

O seu legado foi uma Divina Comunhão entre vida e arte, entre figura pública e responsabilidade social. A vida é construída diariamente e por isso é que Me voy, me vengo, não é Neusa? Mesmo tendo acabado de deixar este plano, você já voltou: Me voy, me vengo. Me voy, me vengo. “


                                                                                             Com carinho, Jeferson Luís Bento 

                                                                                              Secretário Municipal de Cultura



FOTOS  (Crédito da foto Rafael Cortez)



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