Na última terça-feira, 08, um caso de abandono de animais em Ourinhos gerou espanto e indignação nas redes sociais. Uma gata adulta e 10 filhotes foram deixados em uma caixa de papelão, com um pano e um pouco de ração, no meio do mato, às margens da Rodovia Orlando Quagliato. O resgate foi realizado pela protetora Keyla Paiva, moradora do CDHU, que há quatro anos atua na proteção animal na cidade. O caso levanta o debate sobre a irresponsabilidade no cuidado com os animais e a falta de uso dos recursos disponíveis para evitar esse tipo de crime.
Segundo Keyla, o abandono de animais não é um fato isolado. “Muitos desses animais não nasceram na rua; foram adotados por pessoas que não castraram e, quando se viram com crias, descartaram os filhotes”, explica. A protetora conta que já viabilizou a castração de mais de 500 animais e ajudou na adoção de mais de 1.500, mas ainda percebe resistência de muitas pessoas em assumir a responsabilidade pelos seus pets. “Se cada um fizesse sua parte, não veríamos tantos casos como esse.”
O abandono de animais é crime previsto no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), com pena de dois a cinco anos de reclusão, multa e proibição da guarda. Mesmo com a legislação vigente, a impunidade e a normalização desse tipo de ato contribuem para a continuidade do problema. “Quem abandona um animal sabe que está cometendo um crime, mas faz isso longe de câmeras para não ser identificado. É por isso que a denúncia é tão importante”, reforça Keyla.
Alternativas para evitar o abandono — Para reduzir o número de abandonos, Ourinhos conta com um programa municipal de castração gratuita, desde 2022. Todo morador, comprovando que não pode pagar pelo procedimento, pode solicitar o serviço pelo site (https://www.socialcreator.com/denunciaambiental). Além disso, protetores independentes e ONGs oferecem castrações a preços acessíveis, viabilizadas por parcerias com veterinários da cidade.
Outra alternativa é buscar ajuda de grupos de proteção animal nas redes sociais, que auxiliam na divulgação de casos, resgates e adoção responsável. As feiras de adoção também são fundamentais nesse processo. “Os animais vão para adoção castrados. Porém, infelizmente, muita gente ainda tem preconceito com animais adultos, mas qualquer pet, com amor e paciência, se adapta a um novo lar”, comenta Keyla.
Casos de abandono podem ser denunciados à polícia e às autoridades competentes. Além disso, a conscientização da população sobre a posse responsável e a importância da castração é essencial para mudar essa realidade. “Não existe desculpa para deixar um animal se reproduzir sem controle e depois jogá-lo na rua. Precisamos parar de tratá-los como descartáveis. Eles sentem frio, fome, medo e dor”, alerta Keyla.
O caso recente da gata e seus filhotes resgatados na rodovia é apenas um exemplo de um problema que se repete consistentemente. Nesta quarta-feira, 09, a protetora recebeu outra denúncia de abandono de 5 filhotes de gatos em Ourinhos, na Rua Júlio Mori. A conscientização da população, a exigência de políticas públicas, a fiscalização e o uso dos recursos disponíveis são passos fundamentais para garantir que histórias como essa não se repitam. O abandono não é uma opção para livrar-se de um incômodo — é um crime que precisa ser combatido com responsabilidade e humanidade.
