Artista do interior de SP retrata animais com grafite e carvão e leva obras para três continentes

Para retratar os animais, o morador de Sarapuí (SP) usa produtos importados. As obras de Bosco Buonanato Acceti já chegaram a nove países em três continentes: Alemanha, Inglaterra, Itália e França, na Europa; Estados Unidos, Guatemala, Uruguai e Colômbia, nas Américas; e Nova Zelândia, na Oceania.

Aos 66 anos, Bosco Buonanato Acceti, morador de Sarapuí (SP), transformou o desenho em ofício. Natural de Recife (PE), ele vive há 33 anos na zona rural da cidade e há mais de 20 anos se dedica à produção de retratos e figuras de animais.

Seus trabalhos já chegaram a nove países em três continentes: Alemanha, Inglaterra, Itália e França, na Europa; Estados Unidos, Guatemala, Uruguai e Colômbia, nas Américas; e Nova Zelândia, na Oceania.

Cães, búfalos, cavalos e carneiros estão entre os temas mais pedidos, todos feitos sob encomenda.

Bosco começou a desenhar aos 3 anos e, já adulto, se formou em educação artística, com extensão em artes. Ele também atuou como fotógrafo antes de voltar a se dedicar aos desenhos.

Segundo o artista, a técnica está no olhar treinado para reproduzir o que vê. “Tenho facilidade em desenhar pessoas ou animais, sempre fiz o que observava ao meu redor. Hoje, o cliente manda a foto e eu reproduzo”, contou ao g1.

Cada trabalho leva em média uma semana para ser concluído, dependendo da demanda. Para as produções, Bosco utiliza grafite e carvão marrom importado. O material, explica, foi escolhido pela suavidade e pela estética que proporciona.

“É o que eu gosto, corre suavemente pela folha e não marca o papel. O preto e branco traz afetividade”, disse.

Bosco se mudou para São Paulo há mais de 39 anos. Ele e a esposa escolheram o interior por questões de saúde dos filhos. Hoje, aposentado, afirma que não se vê longe da arte.

— Foto 1: Arquivo pessoal/Bosco Buonanato Acceti — Foto 2: Arquivo pessoal/Bosco Buonanato Acceti

Os papéis também são especiais. Ele também explicou que busca usar os produtos de origem italiana, inglesa ou norte-americana, pois apresentam durabilidade e resistência maior, chegando a quase 100 anos. A escolha desses produtos não é uma regra, mas uma escolha pessoal do artista, pois percebeu que nessas tipificações, o resultado é positivo e o cliente consegue ter o produto por mais tempo.

O reencontro com os desenhos aconteceu em 2005, na Feira Internacional da Cadeira Produtiva da Carne (Feicorte), um evento ligado ao gado de corte. Bosco estava à beira da pista observando os animais que eram apresentados ao público, e começou a desenhar cada um a partir da observação dos detalhes. O trabalho do artista chamou a atenção dos visitantes que estavam no local, e assim ele retornou para as encomendas de desenhos.

“É difícil falar sobre, eu não vivo sem arte. Eu cresci fazendo arte, é a minha vida. Eu nunca deixei de viver dentro da arte”, relatou Bosco.

Os trabalhos de Bosco, reproduzindo animais domésticos ou da agropecuária também já chegaram longe pelo Brasil: Pará, Ceará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e mais.

Bosco faz desenhos de animais da agropecuária como búfalos, gado, cavalos e carneiros — Foto: Arquivo pessoal/Bosco Buonanato Acceti

A vida no campo do interior paulista

A conexão com o campo começou cedo na vida do artista. Além dos desenhos, a sua vida pessoal também tem ligação com o ambiente rural. Para a reportagem, Bosco compartilhou que seu pai era um projetista de arquitetura e engenharia em uma autarquia do governo pernambucano. Pai e filho presenciaram a chegada do primeiro lote de búfalos em Recife.

“O campo não sai da gente. Eu vim morar no interior, mas o gosto pelo campo sempre esteve comigo. Eu já fiz muitas feiras ligadas ao agro, e comecei a desenhar o boi, búfalo e carneiros. Tô vivendo como sempre quis viver”, completou o desenhista.

Assim como os desenhos têm a ligação com o espaço verde, o artista também contou que gosta de estar no local para observar o cotidiano, principalmente daqueles que tem orgulho em fazer parte do interior. “Eu gosto muito de estar no local onde as pessoas têm orgulho da sua identidade”.

Para ele, sobre a diferença entre as cidades do interior, é importante cada uma ter sua própria identidade, pois se fossem iguais, não teria graça. “É maravilhoso quando você encontra um local com orgulho das suas peculiaridades”.

O trabalho de Bosco também foi exposto na Câmara Municipal de Sarapuí. O desenhista já pintou com técnica a óleo, cerca de 30 retratos daqueles que já foram presidentes da cadeira municipal. Para ele, foi uma experiência difícil, pois estava enferrujado com a técnica e não estava mais acostumado com a prática da pintura. Há cada três anos, o município convoca o artista para realizar as pinturas, que ficam expostas no local para visita do público.

O artista de Sarapuí reproduz os desenhos a partir da observação do detalhe desses animais — Foto: Arquivo pessoal/Bosco Buonanato Acceti

O artista de Sarapuí reproduz os desenhos a partir da observação do detalhe desses animais — Foto: Arquivo pessoal/Bosco Buonanato Acceti

Fonte: G1

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