Gabriela Belini e Luis Otávio Garavaso, de Garça (SP), trocaram de áreas na engenharia para alcançarem a liberdade de trabalharem de forma remota.
“Eu moro onde você passa as férias” é uma frase comumente dita por moradores de cidades turísticas do Brasil, principalmente no litoral.
O benefício de ter paisagens deslumbrantes, trocas culturais e uma gastronomia diferenciada tão próximo de casa é o sonho de muitos, inclusive de Gabriela Belini e Luis Otávio Garavaso.
No entanto, foi apenas após uma mudança na carreira buscando mais liberdade de deslocamento que o casal, morador de Garça, no interior de SP, conseguiu tornar realidade o sonho de viver viajando pelo Brasil (e pelo mundo).
Em entrevista ao g1, o casal falou sobre a rotina de trabalhar de forma remota para conhecer novos lugares.
‘Nômades digitais’: casal do interior de SP muda de carreira para viver viajando pelo Brasil — Foto: Arquivo pessoal
🧳 ‘Rodinha nos pés’
Tanto Gabriela como Luis Otávio fizeram intercâmbio durante o ensino médio no Canadá, se formaram em áreas da engenharia e sempre foram apaixonados por viagens, contabilizando 25 países visitados somando as viagens dos dois.
Quando começaram a namorar, o espírito aventureiro de um se uniu com a ‘rodinha nos pés’ do outro.
“Eu passei no processo seletivo da minha própria faculdade aqui no Brasil, em que eu estudava Engenharia Química, e fui fazer esses 6 meses lá para estudar General/Industrial Engineering em Deggendorf, na Bavária. Antes de ir para esse intercâmbio, eu vendia doce e roupas pelo Instagram aqui no Brasil e estagiei uma época, então juntei o dinheiro e fiz um mochilão por 9 países com apenas R$ 6 mil na época, com muitos perrengues”, relembra Gabriela Belini em entrevista ao g1.
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‘Nômades digitais’: casal do interior de SP muda de carreira para viver viajando pelo Brasil — Foto: Arquivo pessoal
Luis Otávio já estava, apesar do diploma em Engenharia Mecânica, trabalhando na área de dados em uma empresa brasileira atuante no ramo de entrega de refeição quando Gabriela se formou.
Após trabalhar um ano em uma usina sucroalcooleira e incentivada pelo namorado a buscar algo que lhe desse uma liberdade maior de deslocamento, a engenheira buscou outra especialização.
“Comecei a estudar, fiz vários cursos, passei por entrevistas e eu entrei no iFood. Hoje, eu trabalho fora da Engenharia Química, em uma parte que chama Business Intelligence (BI). É uma parte que mexe muito com dados, análises e é 100% home office. Foi assim que meu sonho se tornou realidade, de conseguir poder trabalhar de onde eu quisesse.”
💻Nômades digitais
A partir da liberdade geográfica dos dois, Gabriela e Luis Otávio passaram a integrar a categoria de nômades digitais, de trabalhadores sem endereço fixo. Em 2023, essa parcela já somava 35 milhões no Brasil, com a estimativa que cheguem a 1 bilhão em 2035.
Juntos, a dupla já esteve, apenas neste ano, em Maceió, Florianópolis, Recife, João Pessoa e no Peru, buscando sempre locais com internet, lavanderia self-service, cozinha para conseguirem preparar as refeições e um local que permita realizar os percursos a pé.

‘Nômades digitais’: casal do interior de SP muda de carreira para viver viajando pelo Brasil — Foto: Arquivo pessoal
Quanto aos itinerários, Gabriela explica que, por estarem muito no início dessa vida ‘nômade’, a organização das viagens é realizada com menos antecedência, sempre pesquisando qual será o estilo da viagem, levantamento de gastos e, seguindo o planejamento financeiro, o destino é selecionado.
Apesar de deixarem de ter uma rotina mais fixa e de ficarem próximos de suas famílias, em Garça (SP), a possibilidade de conhecer novas culturas e pessoas enquanto trabalham, em regime CLT, é uma prioridade da dupla.
“Nós saímos diariamente da nossa zona de conforto e ficamos imersos na cultura local, vivenciando novas experiências, provando novas culinárias, e aprendendo um pouco mais a cada dia com pessoas que cruzam nossos caminhos e nos ensinam algo novo”, conta Gabriela.
Além disso, a engenheira também compartilha suas rotinas, roteiros e o percurso em sua rede social por meio de conteúdos e postagens. (Veja no início da reportagem um dos vídeos durante a viagem do casal ao Peru).
Além da parte de contabilizar ainda mais locais e países na lista de viagens e viverem, juntos, aventuras incríveis, o casal tem a possibilidade de falar, nem que seja por duas semanas, que também “moram onde as pessoas passam as férias”.
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‘Nômades digitais’: casal do interior de SP muda de carreira para viver viajando pelo Brasil — Foto: Arquivo pessoal