
Temporada de balanços, rotação de carteiras e disputa acirrada pelo topo deixam o investidor de olho no Itaú (ITUB4) — mas Inter, Bradesco, Copel, Nubank, Porto e Rede D’Or dividem os holofotes
O mês começou com um recado claro do mercado: previsibilidade é importante, porém, na hora de disputar espaço nas carteiras Ação do Mês, o apetite por retorno fala mais alto. Depois de um ciclo em que Itaú (ITUB4) ocupou o centro da cena, a fotografia de novembro traz uma rotação: o bancão ainda é referência e mantém lugar entre as preferências, mas precisa dividir protagonismo com seis nomes que miram assimetria de preço e aceleração operacional — Inter (INBR32), Bradesco (BBDC4), Copel (CPLE6), Nubank (ROXO3), Porto (PSSA3) e Rede D’Or (RDOR3).
A temporada de resultados do 3T25 intensifica o debate. Itaú (ITUB4) divulga números após o fechamento, e o consenso entre estrategistas é que o desempenho tende a vir “em linha”, sustentado por carteira robusta, custo de risco sob controle e adiantamento de iniciativas em tecnologia. Esse padrão, no entanto, reduz espaço para surpresas positivas de curto prazo. Como efeito, as indicações a Itaú (ITUB4) recuaram de cinco em outubro para duas em novembro dentro do levantamento de 11 casas consultadas, o mesmo número obtido pelos seis rivais que avançam no ranking.
Por que Itaú (ITUB4) segue no radar — mesmo “perdendo a majestade”
Mesmo com a queda de indicações na série, Itaú (ITUB4) permanece favorito no setor bancário para parte dos analistas, por fundamentos que seguem consistentes: escala, diversificação de receitas, defesa de carteira e menor volatilidade de lucros em comparação com pares privados. O banco sustenta estratégia de integração entre canais físicos e digitais, combinando capilaridade com produtividade comercial e ganho de eficiência.
A leitura para Itaú (ITUB4) também incorpora o soft guidance mais ambicioso divulgado para a virada da década — com plano de dobrar a carteira de crédito de varejo em cinco anos, acelerando comissões e sustentando ROE em patamar elevado. Essa agenda se apoia em investimentos de múltiplos anos em tecnologia e IA, cuja colheita tende a aparecer de forma cumulativa. Em termos de precificação, parte das casas trabalha com preço-alvo que embute upside moderado para 12 meses, reiterando compra para Itaú (ITUB4) em novembro.
No curto prazo, entretanto, o mercado exige catalisadores claros para estender o rali do papel. Em uma temporada de resultados com surpresas difusas entre setores, o investidor busca assimetria: empresas em inflexão operacional, múltiplos ainda descontados ou agenda corporativa capaz de destravar valor. É aí que o protagonismo de Itaú (ITUB4) passa a ser compartilhado com nomes que combinam crescimento e reprecificação.
Ranking de novembro: as seis ações que rivalizam com Itaú (ITUB4)
A disputa pelo pódio reúne companhias de finanças, energia, seguros e saúde. O denominador comum é a tese de aceleração com métricas de eficiência e escala. Todas conquistaram duas recomendações no mês — o mesmo patamar de Itaú (ITUB4) —, o que redesenha o topo da lista.
Inter (INBR32): escala digital e monetização em curso
Sete anos após o IPO, o Inter soma cerca de 40 milhões de clientes e acelera a monetização do ecossistema. O banco digital expande prateleira de crédito, investimentos, marketplace e conta internacional, aumentando engajamento e take rate. A leitura das casas é que, apesar da tração, o ativo segue negociando a múltiplos modestos para uma tese de crescimento; daí o espaço para reprecificação conforme alavancas de rentabilidade ganham tração.
Bradesco (BBDC4): normalização de ciclo e ROE em recuperação
Para BBDC4, a fotografia de curto prazo indica recuperação. A margem financeira com clientes avança, as receitas de serviços e seguros corroboram o lucro, e a inadimplência se estabiliza, com PDD ainda elevado, mas sob controle. A disciplina de custos e o ROE anualizado em trajetória ascendente sustentam a tese de que o banco entrega mais eficiência em 2026, com o ativo ainda atrativo à luz do histórico de banco sistêmico.
Copel (CPLE6): execução, eficiência e política de dividendos
No setor elétrico, CPLE6 volta às carteiras diante de ganhos operacionais em toda a cadeia, programa de desinvestimentos alinhado ao core business, agenda de governança e migração ao Novo Mercado em preparação (com assembleia para converter ações). A combinação de eficiência, crescimento do mercado de atuação e manutenção de dividendos reforça o racional defensivo com gatilhos claros.
Nubank (ROXO3): penetração, margem e crédito consignado
Com 120 milhões de clientes em Brasil, México e Colômbia, o Nubank mistura escala e rentabilidade crescente. O Pix Financing eleva a margem com engajamento alto e o consignado para setor público é aposta para expandir o crédito com risco controlado. A leitura de analistas é que a companhia atravessa um ponto de inflexão, mantendo ROE elevado e crescimento de lucros acima da média setorial — o que sustenta múltiplos, mesmo após forte valorização nos últimos anos.
Porto (PSSA3): seguros líderes e novas avenidas de crescimento
PSSA3 é tese de qualidade com preço. Líder em seguros auto e participação relevante em vida e patrimonial, a companhia abre frentes de expansão com Porto Saúde, Porto Bank e Porto Serviços. O case reúne histórico de execução, eficiência de subscrição, otimização de custos, dividend yield competitivo e potencial de surpresas positivas na normalização dos índices de sinistralidade.
Rede D’Or (RDOR3): consolidação e alavancagem operacional
A maior rede hospitalar privada do país opera 75 hospitais em 13 estados, com 13 mil leitos e ganhos de alavancagem operacional conforme cresce. O envelhecimento populacional, a formalização e o déficit de leitos sustentam um cenário estrutural de demanda crescente. O setor é fragmentado, e a capacidade de alocação de capital favorece líder em escala; a margem e o ROE estimado reforçam a tese.
O que muda para Itaú (ITUB4) na rotação de novembro
A leitura de que Itaú (ITUB4) pode entregar resultado “em linha” não implica perda de qualidade: significa que a assimetria de curto prazo está hoje mais visível em outras histórias. Ainda assim, Itaú (ITUB4) preserva vantagens competitivas:
Gestão de risco reconhecida e defesa de carteira;
Integração físico-digital com ganhos de produtividade;
Agenda de tecnologia e IA como vetor de eficiência;
Plano de crédito que, se confirmado, expande comissões e ROE.
Na precificação, Itaú (ITUB4) não está “barato” como em ciclos passados, mas também não é visto como caro ante a entrega — principalmente se o novo ciclo de crédito acelerar com inadimplência estável. O catalisador para reprecificação adicional viria de surpresa de margem, guidance mais forte para 2026 ou aceleração em serviços e fee bancário.
Metodologia do ranking e como o investidor pode usar na prática
A série Ação do Mês compila, a cada virada, os três papéis prediletos nas carteiras recomendadas por 11 bancos e corretoras. Entram no ranking os que alcançam ao menos duas indicações. Em novembro, Itaú (ITUB4) ficou com duas menções, assim como INBR32, BBDC4, CPLE6, ROXO3, PSSA3 e RDOR3.
Para o investidor, o uso prático do ranking pede duas cautelas:
Contexto de portfólio: alocar em papéis de setores distintos (bancos, energia, saúde, seguros) com pesos compatíveis ao seu perfil de risco.
Horizonte e disciplina: as teses acima têm vetores diferentes — algumas são defensivas com dividendos, outras crescimento com volatilidade. A combinação é chave para reduzir drawdown sem abrir mão de retorno.
Setor por setor: onde estão as assimetrias
Bancos: Itaú (ITUB4) e BBDC4 disputam atenção. O primeiro pela qualidade, o segundo por recuperação e múltiplos. Se o ciclo de crédito ganhar tração, o spread tende a normalizar e abrir espaço para fee.
Fintechs: INBR32 e ROXO3 miram escala com unit economics sob lupa. Monetização e risco de crédito calibrado serão os marcadores do trimestre.
Energia: CPLE6 oferece visibilidade de resultados, dividendos e agenda de governança — um contrapeso defensivo numa B3 volátil.
Seguros: PSSA3 equilibra rentabilidade histórica e vetores de crescimento fora do auto. Preço ainda atraente.
Saúde: RDOR3 captura demanda estrutural e consolidação — com margem ampliada via alavancagem operacional.
Riscos no caminho — e como eles afetam Itaú (ITUB4)
Mesmo com o pano de fundo favorável, há riscos que podem redesenhar preferências no curto prazo:
Macroeconomia: oscilação de Selic, crescimento abaixo do esperado e ruídos fiscais podem afetar spread bancário, inadimplência e fluxo para Bolsa. Impacto direto em Itaú (ITUB4) e bancos em geral.
Concorrência digital: bancos e fintechs disputam share em crédito, pagamentos e investimentos. Itaú (ITUB4) responde com integração e IA, mas a disputa pressiona margens.
Agenda regulatória: mudanças em capital, provisões e open finance reprecificam teses do setor.
Execução setorial: em energia, seguros e saúde, erros de alocação de capital ou de precificação podem atrasar entregas.
Para o investidor, a abordagem é probabilística: manter Itaú (ITUB4) como pivô de qualidade na carteira bancária e buscar alfa nos nomes de assimetria — respeitando gestão de risco e rebalanceamentos.
Perspectivas para o fim de ano: como posicionar o portfólio
Com a temporada de 3T25 em andamento e guidances para 2026 no radar, a montagem de carteira deve combinar:
Um núcleo de qualidade com Itaú (ITUB4);
Recuperação cíclica via BBDC4;
Defesa e dividendos com CPLE6;
Crescimento escalável com INBR32 e ROXO3;
Rentabilidade resiliente com PSSA3;
Tese estrutural em RDOR3.
Essa arquitetura permite capturar o upside de rotação setorial sem abrir mão de resiliência — especialmente útil em um período em que Itaú (ITUB4) deixa de ser o único protagonista e passa a dividir palco com histórias de alto potencial.
Itaú (ITUB4) continua peça-chave — mas o jogo de novembro é coletivo
O recuo de indicações para Itaú (ITUB4) não é um veredito de perda de qualidade; é a confirmação de que a competição pelo pódio ficou mais acirrada. Inter, Bradesco, Copel, Nubank, Porto e Rede D’Or chegam a novembro com narrativas sólidas, buscando capturar ganhos em desempenho operacional, múltiplos e agenda corporativa.
Para o investidor, o recado é direto: Itaú (ITUB4) continua sendo âncora para o setor financeiro nas carteiras, mas a oportunidade marginal do mês está nos candidatos ao topo que mostram trilha de crescimento e preço ainda convidativo. Em um ambiente de rotação, a diversificação deixa de ser apenas prudência e se torna estratégia para gerar alfa.
FONTE: GAZETA MERCANTIL














