HCM de Rio Preto recebeu 452 bebês prematuros só no primeiro semestre. Equipe multidisciplinar atua 24 horas e avanços médicos aumentam sobrevivência sem sequelas.
Milhares de bebês nascem prematuros todos os anos no Brasil. O país está entre os dez com maior número de partos antes das 37 semanas de gestação. Só em 2024, foram quase 300 mil casos, segundo o Ministério da saúde. O número representa 12% dos nascimentos, acima da média mundial de 10%.
Um bebê é considerado prematuro quando nasce antes das 37 semanas. A Organização Mundial da Saúde divide a prematuridade em três níveis: moderada (32 a 36 semanas e seis dias), severa (28 a 31 semanas e seis dias) e extrema (menos de 28 semanas).

Bebê é considerado prematuro quando nasce antes das 37 semanas — Foto: Reprodução/TV TEM
O assunto é tema da série de reportagens Prematuros: Quando o amor chega mais cedo, da TV TEM, que vai ao ar no TEM Notícias 1ª Edição.
No Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto, interior de São Paulo, 452 bebês nasceram prematuros apenas no primeiro semestre deste ano. A unidade abriga a maior UTI neonatal da região, com 62 leitos preparados para receber os pequenos.
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Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM
O cuidado é feito pela neonatologia, especialidade médica voltada para recém-nascidos.
“Quando o neném nasce, ele precisa de um profissional capacitado. O protocolo de reanimação neonatal, ele fala que a gente tem que ter de dois a três profissionais de saúde dentro da sala de parto, sendo um deles capacitado para fazer uma intubação, para fazer uma reanimação avançada. Então, um neonatologista na sala de parto para um neném prematuro, ele vai fazer uma total diferença depois no prognóstico e na evolução desse paciente até a alta hospitalar”, explica a neonatologista Gabriella Farto.
Na UTI, uma equipe multidisciplinar atua 24 horas por dia para que o bebê, que ainda deveria estar no útero da mãe, consiga se desenvolver dentro da incubadora.
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Gabriella Farto, neonatologista — Foto: Reprodução/TV TEM
“A gente tem grandes desafios aí, tem idade gestacional que a gente não tem nem a fase sacular desenvolvida, nem a parte do parênquima pulmonar (tecido principal dos pulmões). A parte neurológica também, a alimentação, a gente tem que fazer uma alimentação com uma parte nutricional mais adequada, mais branda, de uma forma mais devagar. A parte renal também é outra preocupação, a gente não pode ter uma sobrecarga nesse rim, porque ele ainda está em desenvolvimento. Então, se a gente for parar para pensar, tudo ainda está em formação”, ressalva a médica.
🥊 Onde o bebê luta pela vida
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Incubadora busca reproduzir condições semelhantes ao útero da mãe para o desenvolvimento do bebê — Foto: Reprodução/TV TEM
O ambiente é silencioso, com temperatura e umidade controladas. A incubadora não substitui o útero da mãe, mas busca reproduzir condições semelhantes para garantir o desenvolvimento do bebê. Monitores acompanham batimentos cardíacos e respiração em tempo real. A vigilância é constante desde o momento em que o recém-nascido deixa a sala de parto.
Chegar ao mundo antes da hora é um grande desafio. Trocar o útero pela incubadora significa uma luta diária pela sobrevivência. A rotina na UTI é intensa: exames, procedimentos de enfermagem, troca de incubadora e avaliações médicas. Além dos neonatologistas, outros profissionais reforçam os cuidados.
A equipe inclui fisioterapeutas, enfermeiros, neurologistas, oftalmologistas, radiologistas, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos. Juntos, definem os melhores tratamentos. Os fisioterapeutas, por exemplo, regulam os equipamentos que auxiliam na respiração.
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Fisioterapeutas como Daniele Carolina Marciano ajudam na respiração e posição dos bebês dentro da incubadora — Foto: Reprodução/TV TEM
Cada bebê passa por pelo menos quatro sessões de fisioterapia por dia. Com técnicas delicadas, os profissionais ajudam na respiração e até na posição dentro da incubadora.
“Então, o bebê dentro do útero da mãe fica com a mãozinha aqui à frente, mais fechadinho. Então, dentro da incubadora, a gente vai tentar simular como se fosse um útero e posicionar ele de maneira adequada para um recém-nascido. Então, o ninho tem que ser do tamanho do bebê para ele se sentir aconchegado. A gente põe os anteparos de tecidos em volta, simulando o líquido amniótico, tudo para ele se sentir dentro do útero da mãe e se desenvolver da melhor maneira possível”, explica a fisioterapeuta Daniele Carolina Marciano.
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Diagnóstico precoce é essencial para detectar doenças nos olhos dos bebês prematuros — Foto: Reprodução/TV TEM
Os olhos também exigem atenção especial, e o diagnóstico precoce é essencial para preservar a visão, como alerta a oftalmologista Thaisa Silveira Barbosa.
“Os vasos da retina, que é o tecido que a gente tem no fundo do nosso olho, eles completam a sua formação apenas com 40 semanas de idade gestacional. Então, se o bebê nasce antes desse tempo, é necessário acompanhar a formação desses vasos do fundo do olho. No meio do caminho, esses vasos podem formar uma alteração que a gente chama de retinopatia da prematuridade. Essa alteração pode levar à cegueira, descolamento de retina”.
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Thaisa Barbosa, oftalmologista — Foto: Reprodução/TV TEM
A fase da prematuridade também é marcada pelo rápido desenvolvimento cerebral. Com os avanços da medicina e o trabalho de equipes multidisciplinares, as chances de sobrevivência aumentaram e muitos bebês conseguem crescer sem sequelas.
“A gente sabe que o prematuro é menor que 37 semanas, mas quanto menor a idade gestacional e menor o peso da criança no nascimento, maiores são os riscos dessa criança vir a ter algum transtorno neurológico. E esses transtornos variam, às vezes, de gravidade. Podem ser leves ou podem ser até casos mais graves, levando a um quadro de paralisia cerebral. Hoje, com as tecnologias, a gente percebe que cada vez mais os prematuros estão tendo uma sobrevida”, comemora a neuropediatra Débora de Cássia Tomaz.
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A neuropediatra Débora de Cássia Tomaz — Foto: Reprodução/TV TEM
👶🏻🏥 Prematuros: Quando o amor chega mais cedo
Reportagem e apresentação: Gridânia Brait
Imagens: Eduardo Durú, Francisco Braúna, João Serantoni e Cuca Sereguetti
Edição de imagem: Mônica Silva
Edição de arte: Guilherme Orsi
Edição de texto: Juliana Barriviera e Gridânia Brait
Edição de texto web: Eric Mantuan













