Jair Bolsonaro é preso preventivamente a pedido da PF em Brasília

O que aconteceu
Por decisão de Alexandre de Moraes, Bolsonaro foi enviado para a Superintendência da polícia Federal preso preventivamente. A primeira Turma do Supremo vai decidir se mantém ou não a prisão preventiva em sessão convocada por Moraes para a próxima segunda, das 8h às 20h.

A decisão de hoje não tem a ver com o cumprimento da pena por tentativa de golpe. Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos e três meses. Ele estava em prisão domiciliar com uso de tornozeleira. Defesa tem até a segunda-feira, 23h59, para questionar a condenação no STF.

Agentes estiveram hoje cedo na casa de Bolsonaro em Brasília. A prisão foi solicitada pela PF, sendo atendida e ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes do STF.


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Motivo da prisão, segundo investigadores, foi chamamento para vigílias feito pelo filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A PF entende que a ação causaria aglomerações em frente à casa do ex-presidente, o que geraria risco para ele e para terceiros. Citando textos bíblicos, ele pediu uma mobilização permanente pela liberdade pai. A decisão do ministro cita “garantia da ordem pública com risco de aglomeração e para o próprio preso”.

Moraes considerou que vigília repetiria estratégia da trama golpista. Decisão relembra vigílias em quartéis e ressalta o risco que uma aglomeração poderia causar, dificultando uma eventual ordem de prisão e até mesmo possibilitando uma possível fuga do ex-presidente.

Embora a convocação de manifestantes esteja disfarçada de “vigília” para a saúde do réu Jair Messias Bolsonaro a conduta indica a repetição do modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu, no sentido da utilização de manifestações populares criminosas, com o objetivo de conseguir vantagens pessoais

Trecho da decisão de Alexandre de Moraes

Ex-presidente tentou romper a tornozeleira na madrugada de hoje, afirmou Moraes. Na decisão que valida a prisão preventiva, o ministro do STF informou que a tentativa de violação aconteceu às 0h08. Uma das hipóteses levantadas no documento é de que o ex-presidente tentaria fugir durante a confusão causada pela manifestação convocada por Flávio.

Moraes determinou que a prisão não expusesse Bolsonaro. O ministro também mandou que a PF não utilizasse algemas no ex-presidente.

A Superintendência da PF no Distrito Federal fica no setor policial, uma área localizada no final da Asa Sul de Brasília. Os prédios todos são bem cercados e não há espaço para aglomeração.

Advogados de Bolsonaro disseram que decisão “causa profunda perplexidade”. “Principalmente porque, conforme demonstra a cronologia dos fatos (representação feita em 21/11), está calcada em uma vigília de orações”, diz a nota.

Além disso, o estado de saúde de Jair Bolsonaro é delicado e sua prisão pode colocar sua vida em risco. A defesa vai apresentar o recurso cabível.
Celso Vilardi e Paulo da Cunha Bueno, advogados de Jair Bolsonaro

Prisão domiciliar e condenação

O ex-presidente Jair Bolsonaro em prisão domiciliar na casa dele em Brasília
Imagem: Sergio Lima – 11.set.2025/AFP

Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto. A decisão que determinou a prisão foi do ministro do STF Alexandre de Moraes, que entendeu que havia risco de fuga no processo da trama golpista.

Em setembro, o ex-presidente e mais sete réus foram condenados por tentativa de golpe de Estado. Ele e Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto foram condenados a penas que vão de 2 a 27 anos de prisão.

Condenação foi feita pela Primeira Turma do STF, com abstenção do ministro Luiz Fux. Os outros ministros acompanharam o voto do relator da ação.

O relator afirmou que Bolsonaro “colaborou para incitar a população” contra o sistema eleitoral. “Espera-se que aquele que foi eleito democraticamente para o posto mais elevado da República se conduza com maior rigor. Infelizmente, não foi o que ocorreu, então a culpabilidade é desfavorável”, declarou.

As penas fixadas pelo STF para cada crime são as seguintes:


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Organização criminosa armada: 7 anos e 7 meses
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: 6 anos e 6 meses
Golpe de Estado: 8 anos e 2 meses
Dano qualificado pela violência e grave ameaça: 2 anos e seis meses de detenção e 62 dias multa
Deterioração de patrimônio tombado: 2 anos e 6 meses de detenção e 62 dias multa
Do total, Moraes defendeu que 24 anos e 9 meses sejam cumpridos em regime de reclusão. Os demais 2 anos e seis meses em regime de detenção, além de 124 dias-multa fixados em dois salários mínimos.

A princípio, Moraes havia sugerido multa de um salário mínimo. O ministro Flávio Dino propôs elevar o valor, alegando que Bolsonaro demonstrou “alta capacidade financeira”. O relator acatou a sugestão e lembrou que o ex-presidente declarou, em depoimento, ter recebido mais de R$ 40 milhões em doações via Pix de apoiadores.

Moraes também considerou a idade de Bolsonaro para reduzir parte da pena. Segundo ele, não seria aplicada a pena máxima em todos os crimes. Bolsonaro tem 70 anos.

Ainda conforme Moraes, durante o governo Bolsonaro houve “a instalação de uma organização criminosa”. Para ele, “a maior consequência seria o retorno a uma ditadura” no país.

Todos os integrantes do chamado “núcleo central” foram punidos por tentativa de golpe e outros delitos. A exceção é o deputado federal Alexandre Ramagem, condenado pela Primeira Turma por três dos cinco crimes apontados pela Procuradoria-geral da República.

*Colaboraram com este texto Gio Mendes e Lorena Barros


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FONTE: UOL

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