No próximo domingo, 06, acontecerá a eleição para o Diretório Municipal do PT de Ourinhos e o candidato a presidente da chapa de oposição à atual direção será Junio Farias. Para conhecermos mais sobre o seu perfil e quais as propostas de mudanças serão defendidas por ele juntamente com os demais integrantes da chapa, a reportagem do Tribuna Ourinhense entrevistou o candidato à presidência do Diretório Municipal do PT de Ourinhos, Junio Farias.Leia abaixo, a entrevista na íntegra:
Tribuna: Nos conte sobre toda sua trajetória profissional e suas principais experiências na área?
Junio Farias: Me chamo Junio Farias e tenho uma trajetória marcada pelo compromisso com a educação, a inclusão social e o desenvolvimento humano. Iniciei minha carreira como professor na Rede Estadual de Ensino, onde tive a oportunidade de atuar diretamente na formação de adolescentes e jovens, promovendo o conhecimento e estimulando o pensamento crítico dentro e fora da sala de aula. Posteriormente, ampliei minha atuação como educador social, trabalhando com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Foi uma experiência transformadora, que me permitiu aprofundar o olhar sensível às realidades sociais e fortalecer meu propósito de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e acolhedora. Atualmente, estou como oficineiro no NAIA (Núcleo de Apoio à Infância e Adolescência), onde desenvolvo oficinas educativas e culturais que buscam despertar talentos, reforçar valores e promover vínculos saudáveis. Nesse espaço, sigo acreditando no poder da escuta, da criatividade e da educação como ferramentas de transformação.
Tribuna: Há quantos anos você é filiado ao PT? O que te levou a participar da política partidária?
Junio Farias: Sou filiado ao Partido dos Trabalhadores há 14 anos. Minha trajetória política começou ainda na adolescência, aos 17 anos, através do Movimento Estudantil. Desde então, venho atuando de forma ativa em diversas frentes de militância, como a Juventude do PT, o Movimento Sindical e o Movimento Negro, espaços fundamentais na construção de uma consciência crítica e coletiva. O que me levou a ingressar na política partidária foi e sempre será a vontade profunda de transformar a realidade das pessoas por meio de políticas públicas eficazes, construídas com participação popular, diálogo e compromisso social. Acredito que a política é uma ferramenta poderosa de mudança quando exercida com seriedade e compromisso com os que mais precisam.
Tribuna: O que te motivou a participar da eleição do diretório municipal e quais são seus projetos para o PT em Ourinhos, caso vença as eleições no próximo domingo? Quais desafios você acredita que enfrentará para realizar essas mudanças?
Junio Farias: Minha decisão de participar da eleição do diretório municipal nasceu do desejo genuíno de mudança. Há mais de 15 anos, o mesmo grupo está à frente da direção do PT em Ourinhos, mas infelizmente, nesse período, o partido não conseguiu ampliar sua presença nem promover transformações significativas no município. Isso me motivou a me colocar à disposição para representar uma nova proposta de atuação. Faço parte de um grupo que acredita no diálogo, na escuta e na construção coletiva. Queremos um PT mais ativo, conectado com as bases, presente nos bairros, nas lutas populares e alinhado às demandas reais da população. Nosso objetivo é fortalecer o partido no município, resgatando sua essência combativa, sua relação com os movimentos sociais e sua capacidade de formação política. Entre os nossos projetos, estão a reestruturação dos núcleos de base, a promoção de formação política contínua para a militância, a ampliação da participação da juventude, das mulheres e da população negra, além da retomada do protagonismo do partido nos debates públicos locais. Sabemos que os desafios serão muitos. Romper com estruturas consolidadas, resistências internas e o desânimo de parte da militância exige coragem, trabalho coletivo e persistência. Mas acreditamos que é possível, sim, renovar o PT de Ourinhos, torná-lo mais plural, mais presente e mais forte como a cidade precisa e merece.
Tribuna: Nas eleições municipais de 2024, houve uma cisão dentro do PT, com vários filiados e militantes de muitos anos de partido saindo para construir uma candidatura em outros partidos de esquerda, o que acabou refletindo no pior desempenho do PT em Ourinhos, em todas eleições municipais disputadas. Caso sua chapa for eleita, pretende conversar com essas lideranças que saíram do partido, para que voltem ao PT, ou ao menos estabelecer uma união da esquerda, por meio da federação PT, PSOL, Rede e PC do B, assim como já acontece em nível nacional, visando um trabalho a longo prazo, para as eleições municipais de 2028?
Junio Farias: Infelizmente, ao longo dos últimos anos, o PT de Ourinhos sofreu um processo de esvaziamento e afastamento de quadros históricos, em grande parte por conta de uma liderança centralizadora que permanece no comando do partido desde 2006. Perdemos figuras fundamentais como a professora Roseli, Luiz Horta, e, mais recentemente, nomes como Mário, Marcos Camacho, Elias e até mesmo nossa vereadora, Roberta Stopa, todos afastados por não encontrarem mais espaço para dialogar e construir coletivamente dentro do partido. A disputa interna no último PED foi marcada por um ambiente tóxico, que ultrapassou os limites do debate político saudável e aprofundou ainda mais a divisão. Isso enfraqueceu não apenas o PT, mas o campo progressista como um todo na cidade refletindo no pior desempenho eleitoral da nossa história. Se formos eleitos, o diálogo será uma prioridade. Acredito que é papel de qualquer dirigente partidário buscar a reconstrução de pontes. Vamos procurar essas lideranças seja para abrir caminho ao retorno delas ao partido ou, ao menos, para estabelecer uma frente sólida da esquerda local, como já ocorre nacionalmente com a federação entre PT, PSOL, PCdoB e Rede. Não se constrói projeto político de transformação sozinho. Tudo é coletivo. Precisamos fortalecer o campo progressista em Ourinhos e preparar, desde já, uma base sólida e unificada para as eleições municipais de 2028.
Tribuna: Qual sua expectativa para as eleições do próximo domingo? independente do resultado pretende realizar um trabalho dentro do PT nos próximos anos e pensa em se candidatar a vereador?
Junio Farias: A expectativa, claro, é pela vitória. Mas mais do que isso, esperamos que esse processo eleitoral represente uma mudança real dentro do partido. Infelizmente, esta é a primeira vez em muitos anos que a disputa interna no PT se distancia tanto do debate político e programático, sendo marcada por ataques pessoais e tentativas de perpetuação de um mesmo grupo no poder. Isso é extremamente prejudicial para o fortalecimento da legenda. Desde o início, coloquei meu nome à disposição para discutir propostas, ideias e caminhos para um PT mais plural, combativo e presente na vida da população. Não entrei nessa disputa por vaidade ou por projeto pessoal, mas para representar um grupo que acredita no diálogo, na coletividade e na renovação. Caso não vençamos, sigo à disposição para contribuir com o partido seja na base, na formação política ou na mobilização social. A luta não se encerra em uma eleição. E se o grupo entender que é importante disputar as eleições de 2028 com uma candidatura minha, estarei aberta a isso. Mas acredito que ninguém deve ser candidato de si mesmo a candidatura deve nascer do coletivo, das demandas do povo e da construção conjunta. Nosso compromisso é com a ampliação da participação política de mulheres, da juventude, da população negra, LGBTQIAPN+, das pessoas da cultura, da periferia e de todos que fazem parte da classe trabalhadora que é, afinal, a essência do nosso partido. Precisamos de candidaturas que reflitam a sociedade real e que defendam os interesses de quem mais precisa de representatividade.
