
Imagem: Paulo Whitaker/Reuters
A tarifa de 50% determinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para os produtos brasileiros tende a trazer um alívio no bolso dos amantes de café, produto que dobrou de preço em um ano e meio. A perspectiva considera a maior disponibilidade do grão em território nacional com a diminuição de parte das vendas para os EUA, maior consumidor do café brasileiro.
O que aconteceu
- Tarifa de 50% vai impulsionar a oferta de café no Brasil. A cobrança prevista para valer a partir de amanhã para todos os produtos brasileiros enviados aos EUA vai atingir em cheio o item presente na rotina dos norte-americanos.
- Exportação aos EUA pode cair pela metade. Alê Delara, diretor da Pine Agronegócios, estima que a confirmação do cenário vai derrubar em 50% as vendas de café para os EUA em três meses, gerando um excedente equivalente a mais de 70% do consumo brasileiro.
- Se o Brasil trabalhar bem, poderíamos colocar metade das 4 milhões de sacas que deixaríamos de exportar para os Estados Unidos em mercados alternativos. De qualquer maneira, ainda haveria uma pressão [para baixo] nos preços domésticos.Alê Delara, diretor da Pine Agronegócios
- Situação vai reverter encarecimento do café à população. A confirmação da perspectiva de maior oferta do grão no Brasil deve levar à chegada do café mais barato às gôndolas. “Dependendo da magnitude de quanto de café deixar de ser exportado aos Estados Unidos, podemos ter um efeito de inflação menor do café”, avalia André Diz, professor de economia do Ibmec. Não há estimativas de quanto poderia ser a queda.
- Colheita em andamento amplia a aposta de café mais barato. A combinação da segunda etapa da safra recorde se une às tarifas de Trump nas projeções de redução do preço no mercado internio. “Quando você alia uma oferta crescente pela colheita e uma demanda encolhendo de maneira abrupta, há uma reação de queda nos preços”, explica Delara.
- Preço do café moído dobrou desde janeiro de 2024. Dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mostram que o produto está 99,5% mais caro na comparação com o final de 2023. O resultado ocorre com a variação positiva de preço em todos os últimos 18 meses. Em junho, houve uma desaceleração da alta (de 4,59% para 0,56%), trajetória que tende a ser mantida com a efetivação do tarifaço.
- Brasil é maior produtor e exportador de café do mundo. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que o país colheu 42,3 milhões de sacas de 60 kg no ano passado. Do total, 36,8 milhões de sacas (87%) foram direcionadas para o consumo externo. Os EUA, por sua vez, figuram como os maiores compradores do grão e importaram 7,468 milhões de sacas na safra 2024/2025, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
- Exportadores vão buscar novos mercados para escoar produção. Para se livrar da tarifa e dos estoques, os produtores tendem a procurar alternativas para a realocação eficaz das sacas a outros parceiros comerciais. “Assim como os americanos não conseguem substituir a compra brasileira, o Brasil não consegue substituir um comprador da magnitude dos Estados Unidos”, afirma Diz. Delara cita países da Europa e da Ásia como potenciais aliados na missão de realocar a produção.
FONTE: UOL