O Banco do Brasil adiou a publicação dos resultados do segundo trimestre de 2025 para o próximo dia 14; saiba o que está por vir

As ações do Banco do Brasil (BBAS3) acumulam uma queda de quase 10% em uma semana. No ano, a performance é ainda mais fraca: os papéis amargam 21% de perda. E o pior ainda pode estar por vir para o banco estatal se o JP Morgan, o BTG Pactual e o Bradesco BBI estiverem certos.
Os três bancões informaram que o BB pode registrar um lucro ainda mais baixo do que o previsto com base em dados do Banco Central divulgados na sexta-feira (2).
Nos cálculos do JP Morgan, com base em números do Cosif (plano contábil das instituições do Sistema Financeiro Nacional), o resultado do Banco do Brasil despencou em maio, para R$ 500 milhões, ante R$ 1,7 bilhão em abril.
O documento ressalta que o novo dado implica lucro de R$ 3,4 bilhões no segundo trimestre, abaixo da previsão anterior do banco norte-americano, de R$ 4,8 bilhões.
Se os números de junho forem tão fracos quanto os de maio, como indica a inadimplência, o lucro do Banco do Brasil no segundo trimestre pode ficar entre R$ 2,8 bilhões e R$ 3 bilhões, segundo os analistas do JP Morgan.
O banco norte-americano observa que a queda das ações do BB na tarde de sexta-feira (1) já antecipa a piora do resultado: BBAS3 encerrou o pregão em queda de 6,85% — a maior do Ibovespa.
BTG e Bradesco também enxergam piora para o Banco do Brasil
Antes mesmo de ter conhecimento dos dados do Banco Central, o BTG reduziu a projeção de lucro para o Banco do Brasil: R$ 5 bilhões no segundo trimestre e R$ 23,4 bilhões em 2025. Antes, esperava R$ 6,4 bilhões entre abril e junho e R$ 29,4 bilhões no ano. A equipe também cortou as projeções para 2026.
As novas estimativas consideram os números de abril, conversas com executivos do BB e a contínua deterioração dos ativos de crédito do agronegócio.
Para o Bradesco BBI, as informações divulgadas pelo BC apontam para uma deterioração ainda mais significativa da qualidade dos ativos rurais.
“Destacamos que a qualidade dos ativos rurais atingiu o nível mais baixo de todos os tempos, com 3,5% de inadimplência em 90 dias e 2,9% de inadimplência antecipada (15 a 90 dias)”, dizem os analistas Marcelo Mizrahi e Renato Chanes.
Com isso, o Bradesco BBI projeta margens financeiras levemente menores para este ano e o próximo, o que levou a novas estimativas de lucro líquido: R$ 23 bilhões em 2025 (16% abaixo do consenso) e R$ 27,4 bilhões em 2026 (13% abaixo do consenso).
A dupla de analistas do banco prevê ainda que o índice de inadimplência do Banco do Brasil pode continuar a se deteriorar.
Isso porque mais operações rurais do tipo bullet vencem nos próximos trimestres, e o período de reconhecimento contábil mais prolongado — decorrente da Resolução 4966 do BC — atrasa a normalização dos indicadores.
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“Esperamos que o índice total atinja 5,35% até o final de 2025 e 5,0% até o final de 2026, com pico de 5,8% no segundo trimestre de 2026”, dizem os analistas do BBI.
Neste cenário, o Goldman Sachs calcula que as provisões para devedores duvidosos do BB somem R$ 14 bilhões no segundo trimestre, salto de 79% na comparação anual, impulsionado pela inadimplência maior na carteira de agro — mesmo frente ao primeiro trimestre de 2025, a alta deve ser expressiva, de 37%.
O calcanhar de Aquiles do BB: a Resolução 4966
As novas revisões em baixa para o Banco do Brasil ocorrem depois de um primeiro trimestre em que o banco público apresentou forte retração no lucro, em razão dos ajustes à Resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que determina que as provisões considerem também a perda esperada.
Como o BB tem forte exposição ao agronegócio, responsável por 30% da carteira de crédito e atualmente em dificuldades, o impacto foi bem maior do que o observado nos bancos privados.
O BTG observa ainda uma crescente judicialização no setor, com várias empresas recorrendo à recuperação judicial.
*Com informações do Money Times