Após imunização em massa contra Covid, cidade do interior de SP participa de estudo com nova vacina da dengue; entenda as diferenças

A pacata Botucatu, cidade de 145 mil moradores no interior de São Paulo, foi escolhida pelo Ministério da saúde e pelo Instituto Butantan para um estudo de imunidade contra a dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

A estratégia é vacinar até 50% da população entre 15 e 59 anos para medir o impacto real da nova vacina Butantan-DV, produzida pelo Instituto Butantan.

O imunizante teve o registro publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na segunda-feira (8) e reforçará o estoque disponível para aplicação no Sistema Único de Saúde (SUS), permitindo gradualmente a ampliação do público-alvo, que hoje é de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.


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Vacinação em massa

Em 2021, Botucatu já havia ganhado destaque nacional ao ser escolhida para uma vacinação em massa contra a Covid-19, que envolveu toda a população adulta e avaliou a efetividade da vacina AstraZeneca, produzida no Brasil em parceria com a Fiocruz.

Na imunização em massa contra a Covid-19, Botucatu foi praticamente a única a receber a vacinação de forma exclusiva e pioneira, permitindo medir com precisão a proteção contra infecções, casos graves, internações e mortes.

Na época, a cidade de Serrana (SP) já havia iniciado um estudo da vacinação da população, mas com uso da CoronaVac.

“Nenhum município, até aquele momento, tinha vacinado toda a sua população adulta de uma vez. Mesmo em Serrana, a ideia era diferente. Eles vacinavam um bairro e, aí, eles comparavam aquele bairro com os outros bairros da cidade. Eles ficavam vacinando bairro a bairro com a vacina CoronaVac”, destaca o médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Unesp Botucatu Carlos Magno Fortaleza, coordenador da pesquisa à época.

Diferenças e similariedades

No estudo de 2021, realizado pela Unesp de Botucatu em parceria com a Universidade Oxford, laboratório AstraZeneca, Fiocruz, Ministério da Saúde, prefeitura, entre outros parceiros, foi feita a vacinação em massa da população adulta, de 18 a 60 anos, moradora da cidade, em duas doses.

Enquanto a vacinação contra a Covid-19 em Botucatu tinha caráter emergencial, com risco alto de casos graves e mortes, a vacinação contra a dengue tem objetivo preventivo, visando reduzir a incidência da doença em uma população específica e evitar surtos futuros.

Embora a lógica de medir a imunidade seja parecida, há diferenças importantes. A vacinação não será exclusiva de Botucatu e também será aplicada em outras cidades.

No primeiro momento, a campanha nacional de imunização será iniciada com 1,3 milhão de doses ofertadas pelo SUS a partir de 2026.

Profissionais da atenção primária e adultos de 50 a 59 anos serão os primeiros vacinados com o novo imunizante, que é de dose única. A estimativa do ministério é que a vacinação comece até o fim de janeiro.

“A vacinação já começa com a produção do Butantan, que vai disponibilizar volume suficiente para iniciarmos a imunização dos profissionais da atenção primária em todo o país. Estamos falando de agentes comunitários de saúde, agentes de endemias, enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos que atuam nas unidades básicas e visitam diariamente as famílias em seus domicílios. A atenção primária é a porta de entrada para os casos de dengue, por isso é fundamental proteger o mais rápido possível esses profissionais”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Vacina Butantan-DV

A Butantan-DV é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. De acordo com a Anvisa, apresentou 74,7% de eficácia contra casos sintomáticos e 89% de proteção contra dengue grave.

A previsão é que a vacinação em Botucatu alcance de 40% a 50% da população no primeiro trimestre de 2026, permitindo medir com precisão a proteção contra infecções, casos graves, internações e mortes.

“O objetivo é realizar a imunização no menor tempo possível, idealmente, a maior parte em um único dia. Depois, faremos acompanhamento por cerca de um a um ano e meio, comparando a incidência de dengue entre vacinados e não vacinados”, explica o infectologista Carlos Magno Fortaleza.


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Também está previsto um estudo clínico da eficácia e segurança da vacina para o público com 60 anos ou mais ainda no mesmo ano.

O ministro da Saúde destacou que a vacinação de toda a população depende da produção de novas doses, mas a expectativa é ampliar a imunização contra a doença no país.

“Para a gente vacinar a população como um todo, a gente depende da produção do Butantan, da capacidade de produzir as doses de vacina, que foi feita uma parceria com a empresa chinesa. Inclusive fui pessoalmente à China para consolidar essa parceria, à medida que essa empresa chinesa possa trazer e produzir as vacinas para o Brasil, podemos começar a ampliar a vacinação para a população como um todo, de acordo com a recomendação dos especialistas”, pontua.

 

 


Fonte Original: G1 Bauru e Marília

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