Atleta faz história ao correr meia maratona descalço em SP: “Minhas placas de ossos”

José Vinicius corre há dois anos e já fez sete corridas de rua descalço. A mais recente foi em Sorocaba, no interior

O José Vinicius fez história em uma meia maratona no interior de São Paulo. O atleta de 45 anos correu 21 quilômetros descalço e bateu seu recorde pessoal. O corredor itapetiningano correu a Meia Maratona Comendador Hermes Elias de Moura, em Sorocaba, no último mês.


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José narrou a experiência em entrevista ao ge e à TV TEM.

– A reação das pessoas ao verem a minha chegada é de espanto. Ninguém acreditava que eu conseguiria completar a prova sem usar tênis, mas o descalço é o meu tênis, nunca vou usar isso como desculpa para chegar depois, “meus pés são minhas placas de ossos – diz o corredor.

Momento da chegada de José Vinicius na meia maratona de Sorocaba — Foto: Arquivo pessoal

Momento da chegada de José Vinicius na meia maratona de Sorocaba — Foto: Arquivo pessoal

O empresário começou a praticar corrida de rua há dois anos, porque queria fazer algo novo e formar novas amizades. A corrida o ajudou mental e fisicamente. Depois de alguns meses correndo, ele parou de ter a enxaqueca que o acompanhava desde criança e que já tinha feito inúmeros tratamentos. Rapidamente, a corrida curou.

Após treinos e provas, o tênis desgastou e ele não tinha dinheiro para comprar outro naquele momento, porque estava começando uma nova empresa. Um dia, depois de correr 10 quilômetros, o par de tênis estava tão gasto que começou a causar dores no corpo.

Sem querer parar de praticar o esporte que tanto o ajudava e sem saber o que fazer, ele resolveu orar ali mesmo, no local de treino, e recebeu a resposta.

– Senti como se Deus falasse comigo. ‘Eu te fiz descalço, filho. Fiz todos vocês descalços. Vá correr. Eu te capacito’. Então, tirei o calçado e fui correr descalço mesmo.

Na primeira tentativa de correr descalço, pensou em correr 300 metros, mas suportou 1,7 km, com os pés no chão. Segundo o corredor, ele contou 17 bolhas nos pés só naquele dia, mas diz que foram elas que o capacitaram a continuar nessa jornada.

José Vinicius corre descalço em prova de rua — Foto: Arquivo pessoal

Desde então, já foram sete provas completas descalço, em diferentes cidades da região. O próximo passo é correr a Maratona Internacional de Sorocaba, no dia 30 de novembro.

– Fui aumentando gradativamente as distâncias, 3km, 5km e fui indo feliz e forte. O objetivo é continuar aumentando, correndo novas provas com ritmo melhor, mas, como dependo totalmente da sola dos pés, não planejo a muito longo prazo. Mas quem sabe um dia corre a Ultra maratona, nada é impossível.

Os “cacos” no caminho

Agora, José treina quatro vezes por semana, faz o aquecimento com o tênis e, depois, já coloca as solas dos pés no chão. O problema não são mais as dores musculares e nem os calos, mas sim os cacos que ficam na rua. Segundo o corredor, desde que começou a correr e treinar sem tênis, ele já pisou pelo menos cinco vezes.

Entre cacos de vidro espalhados pelas ruas, um deles ficou preso dois meses no pé, que só foi retirado por uma podóloga. Para resolver o problema, todas as vezes antes do treino, ele caminha com uma vassoura pelo percurso e vai tirando as sujeiras para não se machucar.

– Eu varro a ciclovia às vezes porque os jovens quebram garrafas depois dos rolês que têm na avenida. Já entrou caco de vidro nos meus pés umas cinco vezes e um deles ficou preso dois meses no pé, que só foi retirado por uma podóloga.

Reação do público ao ver José Vinicius correr descalço — Foto: Arquivo pessoal

Reação do público ao ver José Vinicius correr descalço — Foto: Arquivo pessoal

O médico ortopedista, Gabriel Borghetti, pondera que é preciso treino e cuidado para correr e caminhar descalço, para evitar lesões.

– Uma das causas da inflamação da sola do pé, a “fascite plantar”, que muitas pessoas sofrem, é justamente por um calçado inadequado. Se vai correr descalço, tem que se preparar para isso, se vai correr com tênis, precisa de um solado adequado. Porque, senão, vai dar prejuízo de uma maneira ou outra.


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José é um exemplo de motivação, de quem achou felicidade em algo e nada conseguiu pará-lo: nem a falta de um tênis ou os cacos nas ruas. As solas dos pés só serviram para mostrar que existem dores que chegam para curar.

— De certa forma, a dor nos pés foi me ajudando a lidar com as dores de cabeça. Eu acredito que Deus sempre quis me curar da enxaqueca, mas, na era em que vivemos, ainda não existe a cura. Então, ao falar comigo e me convidar a correr descalço, Ele sabia que isso iria me fortalecer e que eu seria curado. E Deus é tão bom que me permitiu ser parte ativa dessa cura. Atualmente, tenho bem menos crises e elas não me afetam como antes. Hoje eu vou ao encontro da dor. Hoje eu digo: é só dor, passa — finalizou José.

FONTE: GE

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