Nos dois primeiros atendimentos de Bernardo Gomes de Oliveira, de 3 anos, família diz que não havia suporte de antiveneno. Criança teve 33 paradas cardíacas antes de morrer.

Bernardo Gomes de Oliveira, que morreu após levar uma picada de um escorpião-amarelo, precisou passar por três hospitais até conseguir acesso ao tratamento necessário. A criança, entretanto, morreu após sofrer 33 paradas cardíacas, segundo a família.
O caso aconteceu em Cambará, no norte do Paraná, quando a criança calçava o tênis para ir à casa da avó.
O primeiro local em que a criança deu entrada foi o Hospital Municipal de Cambará às 8h45, no domingo (13) – horário confirmado por Ronaldo Guardiano, secretário municipal de Saúde.
A mãe, Bianca Gomes, e o pai, Márcio Oliveira, relataram que, segundo relato da equipe médica, o local não tinha soro antiescorpiônico, indicado para casos como o de Bernardo. Por isso, ele foi transferido, às 10h17, para a Santa Casa de Jacarezinho, a 20 quilômetros de distância.
Na cidade vizinha, porém, a família disse ter sido informada que não havia a quantidade total de antídoto necessário para o quadro da criança.
Bernardo foi, então, levado de helicóptero ao HU de Londrina, onde foi atendido e medicado. A mãe foi comunicada pela equipe médica que a chegada do filho aconteceu depois das 16h, oito horas após o acidente. A criança teve a morte confirmada na segunda-feira (14), na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
A assessoria do HU informou que Bernardo “passou por todas as condutas que a equipe avaliou necessárias”, mas não deu detalhes sobre o estado de saúde da criança no momento de entrada.
O presidente da Santa Casa de Jacarezinho, Karol Woytilla, disse que foram ministradas cinco ampolas de antiveneno em Bernardo. O número está dentro da orientação do Ministério da Saúde, que recomenda de quatro a seis para casos graves como o da criança. Ele garante que tentaram conseguir uma sexta ampola, mas não tiveram retorno.
O secretário de Saúde de Cambará informou que foi orientado pela 19ª Regional de Saúde, no dia 26 de junho, que a distribuição de soros contra picadas de animais venenosos é feita somente para hospitais referência.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (SESA-PR) afirmou que está investigando o caso, porque “quando é registrado um caso que necessite do insumo [soro], o município deve acionar a Regional de Saúde para atendimento imediato”.
“Nesse caso específico a 19ª Regional de Saúde de Jacarezinho não foi acionada pelo Hospital Municipal de Cambará e nem pela Santa Casa de Jacarezinho. A sede da regional fica a apenas 20 minutos de carro do hospital de Cambará”, diz a nota.