Corpo de Bombeiros de Bauru (SP) já registrou 2 mil ocorrências envolvendo animais em 2025. Especialistas apontam avanço urbano sobre áreas de mata como uma das causas.
Um levantamento feito pelo Corpo de Bombeiros de Bauru (SP) revelou que foram atendidas cerca de 2 mil ocorrências envolvendo animais silvestres em áreas urbanas da cidade apenas em 2025.
No contexto de queimadas e da estiagem que atingiram a região em setembro e no início de outubro, casos como o de uma onça-parda resgatada em um supermercado de Cafelândia (SP) e um tamanduá-mirim fazendo “rapel” em Garça (SP) mostram que encontros com espécies nativas têm se tornado cada vez mais comuns na região.
Segundo a diretora do Zoológico Municipal de Bauru, Samantha Pereira, o aumento dessas aparições está diretamente ligado à diminuição do habitat natural e ao avanço das moradias sobre áreas de mata.
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Tamanduá-mirim é resgatado pelo Corpo de Bombeiros dentro de escola de Garça (SP) — Foto: Reprodução/Facebook
“Quando tem uma intervenção humana e há essa fragmentação das florestas, é natural os animais se deslocarem para buscarem abrigo, parceiro para reprodução e alimento. Eles acabam se deslocando a centros urbanos, a regiões de condomínio que estão próximas a essas áreas de mata”, explicou a especialista, em entrevista ao TEM Notícias.
“Muitas vezes eles se perdem, não conseguem retornar à mata nativa deles e vão buscar abrigo em residências, em quintais, em áreas de jardins.”
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Onça é resgatada em estacionamento de supermercado de Cafelândia (SP) — Foto: Facebook/reproduçãoPrefeitura de Cafelândia/reprodução
Além disso, o tenente Matheus Belico, do Corpo de Bombeiros de Bauru, reforçou que, em caso de contato com esses animais, a população não deve tentar capturá-los nem alimentá-los.
“É importante manter distância e acionar o Corpo de Bombeiros pelo 193 ou a polícia Ambiental pelo 190. Também é fundamental não perder o animal de vista até a chegada da equipe”, orientou.
Segundo o tenente, a corporação atua apenas quando há risco para o animal ou para pessoas. Nos casos de animais saudáveis, a captura é feita e a soltura ocorre em ambiente adequado.
Resgates
Em casos de animais feridos em razão de fogo e incêndios florestais, um local de referência para atendimento e reabilitação das vítimas em todo o estado de SP é a Associação Protetora de Animais Silvestres (APASS), que fica em Assis (SP).
Em 2024, foram registrados 94 resgates de animais decorrentes de queimadas em todo o estado de SP. Dos quais, 53 não resistiram, dois foram reabilitados e devolvidos à natureza e os demais seguem em tratamento.

Anta foi resgatada no Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP) — Foto: Apass
Além disso, a ONG faz um trabalho com aves resgatadas em rodovias. Nos últimos 20 anos, mais de 25 mil animais de várias espécies da fauna brasileira, como maritacas e tucanos, foram resgatados e receberam cuidados na associação.
Em entrevista à TV TEM à época de uma soltura realizada no Dia do Meio-Ambiente, a diretora da APASS, Natália Tomaz, explicou que, graças ao cuidado e ao apoio dado a esses animais, eles podem ter uma nova chance de retornar à natureza.
“A APASS é um centro de triagem e reabilitação de animais silvestres. Então, esses animais são encaminhados para cá. Alguns oriundos de apreensão, outros vieram das rodovias de atropelamento ou filhotes abandonados. A gente tem um trabalho de reabilitar esses animais, cuidamos e, agora, eles vão voltar para a casa deles, que é a natureza”, explica Natália.
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Dia Mundial do meio ambiente: Apass de Assis realiza soltura de animais resgatados — Foto: João Belarmino/TV TEM