Poluição sonora e o convívio em ambientes hostis podem causar desconforto e irritabilidade em cães e gatos, afetando a saúde e o comportamento com os tutores, conforme veterinário de Jundiaí (SP). Pets da região demonstram comportamentos refletidos a partir da rotina.

Poluição sonora e ambientes hostis podem causar irritabilidade e desconforto em pets, segundo veterinário de Jundiaí (SP) — Foto: Pixabay/Reprodução
Ninguém gosta de ser incomodado em seus momentos de descanso. Um simples ruído ou barulho excessivo pode desencadear uma reação oposta e causar incômodo ao invés de tranquilidade. O mesmo acontece com os pets, principalmente os que convivem em locais barulhentos.
A poluição sonora e o convívio em ambientes hostis podem ser a causa do desconforto e da irritabilidade de cães e gatos, que podem prejudicar até mesmo a saúde e o comportamento deles com os tutores, segundo o veterinário Pedro Henrique Gastaldo, de Jundiaí (SP).
O especialista explica que cães e gatos conseguem ouvir frequências muito mais altas do que os humanos, especialmente os gatos. Estas frequências, desenvolvidas a partir dos instintos selvagens de seus ancestrais, auxilia os animais a detectar sons agudos produzidos por suas presas.
“Eles (pets) ouvem muito mais que humanos, por isso, um ambiente calmo, silencioso e tranquilo, aliado a um bom enriquecimento ambiental, permite que esses animais expressem seus comportamentos naturais com mais facilidade e, assim, fiquem mais calmos”, disse Pedro.
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Veterinário Pedro Henrique Gastaldo, de Jundiaí (SP), explica como poluição sonora pode prejudicar saúde de pets — Foto: Arquivo pessoal
Com o sentido da audição afiado, os pets tendem a miar ou latir compulsivamente, fugir para buscar origem de algum ruído, se isolar ou se esconder pela casa, como em cima dos móveis ou debaixo da cama.
O especialista destaca que, os sons, junto do ambiente em que os animais moram e a rotina que compartilham com os tutores, são fatores que influenciam diretamente na forma que eles vão se comportar. Por exemplo, pets mais agitados e reativos costumam viver em ambientes que também são agitados e barulhentos, com muita música, gritos e interações calorosas entre os humanos.
Já cães e gatos que vivem em ambientes mais calmos costumam ser animais mais tranquilos e dóceis, pois se adequam a rotina da família, sendo extremamente sentimentais e carinhosos.
“A maneira como são tratados ou como veem as pessoas tratando as outras, ou até outros animais, reflete muito em como agem. (…) Animais que são expostos a sons mais altos ou a brigas podem demostrar medo, agressividade, estresse e pânico. A linguagem corporal dos tutores também influencia. Por serem muito observadores, qualquer linguagem corporal, como a de brigas, pode torná- os mais reativos”, acrescentou Pedro.
O veterinário ainda enfatiza que a poluição sonora com sons muito altos deve ser evitada para além de prevenir que os animais se sintam desconfortáveis ou desenvolvam algum tipo de problema de saúde, seja devido ao mau comportamento ou algo prejudicial à sua audição.
O ideal, caso o animal seja exposto a situações de estresse elevado, é proporcionar um ambiente tranquilo para acolhê-los.
“Quando a poluição sonora não puder ser evitada (como a dos fogos de artifício), aconselho sempre os tutores a manterem os pets em um ambiente fechado, com uma música calma, sem estímulos visuais e distrações como brinquedos e petiscos. Aconselho também que a linguagem corporal humana seja tranquila para transmitir segurança e confiança”, finalizou o profissional.
🐕 Comportamento dócil com oscilações
Um exemplo de pet que espelha a rotina dos tutores e age conforme o ambiente e os sons é a Charlotte, uma Golden Retriever de 9 anos e de Jundiaí.
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Charlotte, de Jundiaí (SP), é uma cachorra dócil, mas tem comportamentos reativos quando sente ciúmes da família — Foto: Arquivo pessoal
A tutora, Rosana Ruanu, contou ao g1 que a cachorra cresceu em condomínios fechados, ouvindo pouco ou quase nenhum barulho externo a não ser de outros animais. Mesmo assim, Charlotte não se assusta com facilidade: sente apenas um incômodo.
“Ela nunca teve contato com muito barulho. Quando vai na casa da minha tia, que fica na rua, aí sim tem acesso e fica desesperada, latindo para caminhão de lixo e bombeiros, para eles ela late horrores, corre de um lado para o outro, chega cansada em casa de tanto que corre”, contou.
Charlotte, apesar de muito dócil e tranquila, é ciumenta com Rosana e seu pai, de quem é mais próxima na família. Com a chagada da sobrinha de Rosana, a Liz, Charlotte passou a disputar carícias e atenção, demonstrando estar com ciúme ao ficar entre os parentes e a bebê. Veja o vídeo da primeira interação da cadela com a criança abaixo.
Segundo Rosana, depois que Liz nasceu, Charlotte começou a aprontar mais e já rendeu situações preocupantes de comportamento quando comeu uma parte da parede, quase engoliu um par de meia e destruiu brinquedos da bebê.
“Eu falo que ela parece um pouco um ser humano. Ela é muito tranquila, mas nunca gostou de brincar com outros cachorros. É muito ciumenta. Se outro cachorro chega perto de mim, ela late para eles, não gosta quando a gente dá atenção para outros cachorros e para minha sobrinha. (…) quando tem muita gente em casa, ela que gosta de dormir cedo, também se ilsola porque quer ficar no cantinho dela”, finalizou Rosana.
⛈️ Medo de barulhos altos
Já no caso da Pandora e Bazuca, a história é outra. Os cachorros, de Votorantim (SP), se assustam com qualquer barulho alto, desde trovões a gritos dentro de casa.
O tutor, Gabriel Pregnolato, relata que tem outros dois cães, mas a dupla mencionada se destaca no quesito medo de barulhos altos.
“O Bazuca, quando alguém fala em um tom mais alto perto dele, ele começa a tremer e corre comigo, ou se esconde nos quartos”, disse.
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Cachorro Bazuca, de Votorantim (SP), se assusta quando falam alto perto dele — Foto: Gabriel Pregnolato/Arquivo pessoal
Já a cachorra maior fica com medo e até agressiva nestes casos. O jovem destaca que ela é tranquila no dia a dia, mas durante momentos estressantes e barulhentos se esconde no quarto e rosna se alguém tentar tirá-la de lá.
“O pior caso é o da Pandora. Ela morre de medo de trovão, principalmente rojão. Chegou a estourar os trincos das portas de casa uma vez. Sempre que escuta começa a tremer e quer entrar em casa se esconder, geralmente no quarto dos meus pais. Ela treme muito e chega a fazer xixi de medo”, acrescentou o tutor.
Segundo o estudante de farmácia, os cachorros nunca são deixados sozinhos durante épocas de festa ou de jogos de futebol, pois se assustam muito com fogos de artifício e precisam de ajuda para se acalmar. A família costuma deitar perto deles e conversar até que se distraiam da poluição sonora, mas nem sempre funciona.
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Gabriel é o tutor da Pandora — Foto: Arquivo pessoal